Saúde pública

Qual a estratégia do Governo Fátima ao desativar os leitos Covid no Tarcísio Maia?

Se é possível falar em algum legado deixado por esta pandemia, a quantidade de leitos de UTIs que estarão disponíveis para os potiguares pode ser um

Por William Robson

Ao ler o título deste artigo, é possível que você tenha se perguntado: a pandemia acabou? As fases da retomada da economia chegaram ao seu ciclo final, praticamente tudo está voltando ao normal, mas ainda amargamos o avanço, mesmo que regressivo, deste mal. Até esta segunda-feira (24), alcançamos 2.173 mortos, segundo nova atualização do Governo. Ou seja, não há o que comemorar.

Porém, se é possível falar em algum legado a ser deixado por esta pandemia, a quantidade de leitos de UTIs que estarão disponíveis para os potiguares pode ser um. O RN já apresenta índices de ocupação na casa dos 40%, motivo de satisfação, não de baixar a guarda. Este nível levou a direção do Hospital Regional Tarcísio Maia a tomar uma decisão importante e, ao mesmo tempo, histórica neste final de semana.

Em entrevista ao Foro de Moscow desta segunda-feira (24), a diretora da unidade, Herbênia Ferreira, explicou as razões pelas quais o hospital está desativando os seus leitos destinados a pacientes com Covid. Para não sermos tão apressados, a expressão melhor não seria “desativação”. O termo técnico “reversão gradativa” é mais apropriado. Os leitos serão deslocados para atender a pacientes com outras doenças, demanda há muito necessária.

Tal reversão garantiu à unidade o triplo de leitos de UTIs. Veja bem: O TRIPLO. São 20 leitos de UTI para outras patologias e nove leitos para COVID que ainda permanecem, além de sete leitos específicos de isolamento também para Covid. A diretora ressaltou que, em toda a sua carreira na unidade, nunca tinha visto algo do tipo.

Diante disso, você pode levantar outra questão: foi preciso uma pandemia para que isso ocorresse? Em tese sim, mas o que deve ser levado em consideração é a estratégia complexa do Governo que articulou o enfrentamento com benefícios remanescentes. Isso passou pela instalação das unidades, sua reversão e controle do sistema entremeado com cidades vizinhas a fim de não ficarem órfãs de atendimento à Covid, caso necessário. Afinal, a pandemia não acabou nem aqui, nem lá.

A reversão, assim,  se deu pelo fato de que outros hospitais da região passaram a ser equipados com leitos de coronavírus. Milena Martins, assessora técnica da Secretaria de Saúde, explicou que a realização da reversão teve o suporte da entrega de dez novos leitos de UTI do Hospital Regional de Assu, que por sua vez, também passará por reversão garantindo redução da fila de espera para pacientes graves de outras patologias.

Desta forma, não se pode negar que esta lógica deu resultado e colocou o RN entre os Estados que estão em desaceleração na pandemia. Para se ter a ideia do sucesso das estratégias implantadas pela governadora Fátima Bezerra, basta perceber que duas regiões – Potengi e Agreste – não registravam nenhum paciente internado em leitos de UTI. E mesmo com os altos índices de ocupação na região Oeste, 78%, há maior equilíbrio quanto ao atendimento dos casos mais graves.

Fátima tem enfrentado a pandemia no Estado com o boicote de diversos adversários. A começar pelo presidente Bolsonaro, a cloroquina, a Ivermectina do prefeito de Natal, Álvaro Dias, a pressão econômica dos empresários, o túnel placebo de Rosalba e seus decretos divergentes aos do Governo. Tudo foi usado para fazer da Covid uma questão mais política do que de saúde pública. A governadora afirmou uma vez que não importasse se suas ações viessem a custar seu mandato. As vidas estariam em primeiro lugar. O tempos e os números mostraram que ela está certa e indo bem.