O que influenciou a queda impressionante de ocupação de leitos Covid no RN?
Quando o coronavírus seguia crescente e os mortos passavam de mil, o RN tinha como maior desafio reduzir as filas e a ocupação de leitos nos hospitais. Não era um desafio fácil e inúmeros fatores lutaram contra
Desde maio que o nível de ocupação de leitos de Covid-19 não registrava este índice: 74%. Quando o coronavírus seguia crescente e os mortos já ultrapassando os mil, o Rio Grande do Norte tinha como principal desafio reduzir as filas e a ocupação de leitos nos hospitais. Não era um desafio fácil e inúmeros fatores lutaram contra, entre eles, a falta de conscientização do isolamento social e o oportunismo político de adversários da governadora Fátima Bezerra que torciam pelo caos no intuito de colher ativos políticos em ano eleitoral.
A pressão econômica pela reabertura foi outro elemento contribuinte da sabotagem. Os empresários, insensíveis com os casos e banalizando as mortes, queriam que suas máquinas de fazer dinheiro não parassem. Custasse a vida que custasse. Até carreatas pró-pandemia foram testemunhadas em duas ocasiões em Mossoró. Fátima Bezerra estava ciente que o desafio não limitava-se ao vírus.
Em Mossoró, especialmente, os decretos da prefeita Rosalba Ciarlini foram antagônicos ao da governadora, em toada semelhante ao prefeito de Natal, Álvaro Dias
Em Mossoró, especialmente, os decretos da prefeita Rosalba Ciarlini foram antagônicos ao da governadora, em toada semelhante ao prefeito de Natal, Álvaro Dias. Para ambos, seria o momento de explorar a pandemia politicamente, transferindo para Fátima toda a responsabilidade do fracasso em que apostavam. Somados aos decretos conflitantes, prescrição de cloroquina e edificação de túneis placebo, ambos sem qualquer eficácia. O primeiro, confirmado em estudos publicados nesta quinta-feira (23). O segundo foi desaconselhado pela Anvisa.
Agora, os números apresentados pela Secretaria de Saúde do Estado são mais alentadores. A despeito deste time, fortemente, atuando contra. O cenário é de queda na contaminação e o número de leitos se aproximou do ideal para a reabertura gradual, que acabou precipitada. Isso porque o comitê científico recomendava que a retomada econômica ocorresse quando a ocupação de leitos alcançassem os 70% de leitos. Como sabemos, as lojas reabriram no patamar de níveis ainda beirando os 90%.
Os indices caíram, apesar dos mais baixos níveis de isolamento social, agora em 38,9%. Como Fátima conseguiu controlar a situação? Segundo o professor José Dias do Nascimento, em publicação no Twitter, esta impressionante queda foi motivada por três aspectos: o uso de máscaras, a abertura de mais leitos pelo Governo e as determinações previstas em decretos estaduais do isolamento social. Combinação que surtiu efeito. Ou seja, embora o isolamento não tenha sido a contento, os demais elementos foram contribuintes para a redução de ocupação de UTIs.
Nascimento adiantou também que, entre a população do RN, de 3,4 milhões de pessoas, cerca de 1 milhão de estudantes deixaram de circular. “Os decretos foram acontecendo e passamos para o cenário otimista, mas devemos ter muita cautela ainda. Importante também foi o decreto de 4 de junho, que estabeleceu o isolamento social mais rígido. O conjunto de decretos que o Rio Grande do Norte seguiu foi importante, uma parte da população ainda está em casa”, disse, em entrevista à TV na semana passada.
A coordenadora e articuladora das Redes de Atenção à Saúde da Sesap, Samara Pereira Dantas, reforça a observação de Nascimento, ao apelar o apoio da população e das instituições para que a pandemia continue em redução. “O cenário se mostra favorável, mantém a tendência de queda, mas é preciso ainda manter as precauções e medidas de proteção para que possa se manter positivo”, ressaltou.
Segundo o Governo informou nesta sexta-feira (24), existe 499 pessoas internadas, menor incidência desde maio, sendo 258 em leitos críticos e 241 em leitos clínicos. Nas regiões Oeste e Metropolitana de Natal a ocupação de leitos críticos segue a média de 74%. O número cai para 60% na região de Pau dos Ferros, atinge 80% na região do Mato Grande e 83% no Seridó. Vale ressaltar que o RN ainda aparece entre os Estados brasileiros em melhor situação de combate à pandemia, mesmo com cloroquina, túnel, Bolsonaro, Rosalba e Álvaro Dias puxando o outro lado da corda.