Mensagem à Câmara

Quais os principais desafios apontados por Allyson Bezerra na mensagem à Câmara?

O texto da mensagem lida nesta terça-feira (9) passeia por variados temas, explicita a situação do Município, as prioridades da nova gestão e faz apelos. Veja os principais pontos

Por William Robson

Quando o prefeito Allyson Bezerra se dirigia para a  Câmara Municipal de Mossoró, onde faria a leitura da mensagem que abre o ano legislativo, um grupo de trabalhadores de empresas terceirizadas o aguardava. Queria explicações sobre atrasos que seguem desde de dezembro. O prefeito fez questão de conversar com o grupo e, entre aqueles mais exaltados, explicou que o pagamento dependia de repasse de documentação necessária por parte das empresas.

O prefeito Allyson Bezerra, quando conversava com trabalhadores terceirizados à sua espera na entrada da Câmara (foto: Célio Duarte)

Somente uma empresa repassou a documentação exigida na Secretaria de Administração, neste caso, a Estratégia Serviços e Representações. Os terceirizados aguardam os salários de dezembro e de janeiro e dependem que a Prefeitura faça o repasse às empresas as quais prestam serviços. Ou seja, as empresas só pagam seus empregados nestas condições, sem qualquer reserva em caso de imprevistos como este.

Allyson explicou o procedimento ao grupo de funcionários e foram orientados a cobrar das empresas o repasse da documentação necessária para a liberação dos recursos. Depois disso, entrou na Câmara, onde fez a leitura da mensagem.

O texto da mensagem lida nesta terça-feira (9) passeia por variados temas, explicita a situação do Município, as prioridades da nova gestão e faz apelos. Assim, começa seu discurso afirmando que o povo, agora, governa Mossoró, após década de jugo às oligarquias. Ao frisar este ponto, lembrou de sua origem na zona rural e que ações para esta área é questão de honra. Afirmou que, no que depender dele, a zona rural não viverá mais tempos de sede.

Allyson Bezerra, observado por representantes eclesiásticos e empresariais, durante a leitura da mensagem (Foto: Célio Duarte)

A fala do prefeito, prestigiada por representantes dos mais variados segmentos locais, de padre, pastor, secretários, empresários e entidades de classe, recordou do abacaxi que tem em mãos. R$ 875 milhões em dívidas ainda não consolidadas, rombo detalhado pela equipe econômica no dia 28 de janeiro. A maior parte do montante se refere a fornecedores e prestadores de serviço (mais de R$ 252 milhões),  o passivo com o Instituto Municipal de Previdência Social dos Servidores de Mossoró (Previ-Mossoró)  de R$ 233 milhões. Além do INSS (R$ 91.469.986,89) e salários, 13° salário, férias: R$ 16.701.509,61.

O equilíbrio das contas é, provavelmente, o maior de seus desafios. Os demais não são nada fáceis também. Allyson tratou dos principais, como as filas de cirurgias eletivas. O prefeito pretende organizar um mutirão no início de março para enfrentar o problema. E vai começar pelas cirurgias oftalmológicas: “É inaceitável que na terra de Santa Luzia, a protetora dos olhos, mais de duas mil pessoas estejam agora em casa, perdendo a visão pela falta de cirurgia de catarata”, disse o prefeito, acrescentando que novo modelo de contratação está em estudo a fim de viabilizar as cirurgias.

No decorrer da mensagem, a oposição se mobilizou para produzir um discurso quanto aos servidores, aproveitando a presença de terceirizados do lado de fora da Câmara. A vereadora Larissa Rosado disse, em entrevista, que o prefeito ainda está no palanque e que teria afirmado na mensagem que a casa estaria arrumada. Claro que esta afirmação jamais foi feita. Como sabemos, é uma expressão original da ex-prefeita Rosalba Ciarlini. Além disso, afirmou que Allyson não apresentou cronograma de pagamento do servidores. Na mensagem, o prefeito rebatera a informação. O calendário de 2021 já fora apresentado e que estava em discussão o cronograma dos salários atrasados deixados pela gestão anterior.

Allyson, ao lado do presidente da Câmara, Lawrence Amorim, nesta terça-feira (9) (Foto: Célio Duarte)

Outro ponto destacado na mensagem é o programa  programa Asfalto no Bairro, um investimento superior a R$ 20 milhões. Como em muitos bairros, não há sequer pavimentação, a intenção é asfaltar os bairros mais simples e periféricos. “Vai ser por meio desse programa que vamos asfaltar ruas de maior fluxo, por onde vão circular os ônibus do transporte público”, disse.

A proposta está no campo da mobilidade do município, que incluirá aumento da frota de ônibus e lançamento da campanha “Menos Multa, Mais Educação”, para educar no trânsito e conscientizar mais os condutores e pedestres sobre direitos e deveres. “Quanto mais educação no trânsito, menos multa”, afirmou. O projeto nasce em meio à controvérsia de agentes de trânsito que, insatisfeitos com a mudança de escala de 24 horas trabalhadas por cinco dias de folga para 12 horas e dois dias de folga, argumentaram que o aumento de fiscais nas ruas ampliariam os registros de infrações, em uma espécie de “indústria da multa”.

Na segurança pública, o prefeito pretende, até o final do ano, aumentar em 250% o total de viaturas da Guarda Municipal nas ruas e implantar a Ronda Rural, para atender a zona rural, dentro de sua perspectiva de investimentos na área. Também anunciou que, ainda este ano, parte da corporação será armada e auxiliada por videomonitoramento para reforçar a segurança em Mossoró.

Allyson, Lawrence e o vice-prefeito Fernandinho das Padarias, após a leitura da mensagem na Câmara (Foto: Célio Duarte)

E encerrou com um apelo: “Convido todos a um pacto por Mossoró, com novos conceitos e práticas – uma nova forma de fazer política. A boa política, com o povo e para o povo. Vamos juntos nessa missão de transformar Mossoró. Chegou a vez do povo. O futuro já começou. E depende de cada um de nós”, concluiu.