O “desafio” lançado por Allyson após o deboche de Aldemir
O prefeito reagiu à indelicadeza do secretário de Planejamento do Governo, em entrevista concedida à Rádio Difusora, ao programa “Conexão Difusora” com Joãozinho GPS
Por William Robson
A mensagem anual do prefeito Allyson Bezerra, recheada de temas tais como obras realizadas, perspectivas e simbolismo, também ressaltou recados diretos. Um deles se remeteu à cobrança de dívida do Governo do Estado, em torno de R$ 125 milhões, referentes a repasse de tributos e dinheiro para a saúde ao Município.
Uma audiência ocorrida no dia 6 serviu para que o prefeito fizesse a cobrança do débito. A governadora Fátima Bezerra disponibilizou sua equipe para mapear a dívida, iniciando o processo. Porém, o secretário de Planejamento, Aldemir Freire, tratou a demanda com deboche, em entrevista concedida ao jornalista Bruno Barreto. “Para a gente isso aí (a dívida alegada pelo prefeito) é a mesma coisa que você anotar um número em um pedaço de papel e vir me apresentar a cobrança”, disse, reforçando que este pensamento é do Governo e não dele apenas.
A declaração repercutiu negativamente. O jornalista Vonúvio Praxedes disse que “cobrar não é errado, mas a chacota sim. Se deve, pague. A governadora Fátima ouviu atentamente o Prefeito Allyson e o secretário de Finanças Cadu Fonseca reconheceu a dívida do Governo com Mossoró, mas Aldemir do Planejamento desdenhou”. Ao que parece, a dívida não é a questão principal, porém o Governo teria se ofendido com a cobrança.
Embora extremamente normal na administração pública, reinvidicações desta natureza ocorrem o todo tempo. A governadora Fátima Bezerra esteve em Brasília em busca da recomposição do ICMS. A União, por sua vez, questiona o valor, não a dívida. Nem por isso, a gestora chegou em Brasília com um pedaço de papel riscado.
O prefeito Allyson Bezerra reagiu à indelicadeza de Aldemir em entrevista concedida à Rádio Difusora, no programa “Conexão Difusora”, com Joãozinho GPS. “O secretário tem total desconhecimento até de documentos que saem de sua gestão”, declarou. “Mandei memória de cálculos, documentos e ofícios ao Governo. Estes documentos têm relatórios do sistema do próprio Governo do Estado”.
Allyson mencionou que o Governo tem atestado de reconhecimento de dívidas em processos judiciais por parte de secretários. “Por exemplo, no caso da Saúde, estamos cobrando R$ 55 milhões. Destes, em um processo, o secretário de Saúde já confessou, em juízo, que devia R$ 38,5 milhões e que o restante seria analisado”, citou. “Ou seja, se o secretário [Aldemir] disse isso, comece pagando o que o secretário de Saúde afirmou”.
Por exemplo, no caso da Saúde, estamos cobrando R$ 55 milhões. Destes, em um processo, o secretário de Saúde já confessou, em juízo, que devia R$ 38,5 milhões e que o restante seria analisado”
Allyson Bezerra, em entrevista à Difusora
Sobre o restante do débito, o prefeito esclareceu que há documentos na secretaria de Tributação. “O secretário [Carlos Eduardo Xavier] estava no dia da reunião e disse na frente da governadora que, de fato, o Estado é devedor. Portanto, a fala do secretário [Aldemir] está desconexa com os secretários de Tributação e de Saúde que estavam na audiência que, quero ressaltar, foi muito respeitosa”.
Quanto à cobrança que teria incomodado o Governo, o prefeito relatou que está “cumprindo o seu papel de fazer o que é de direito do município”. “Por conta disso, estamos com limitação de fazer novos investimentos com recursos próprios, porque isso é parte da arrecadação própria. Aí, eu, como prefeito, pergunto: não vou cobrar esta dívida?”, questionou.
Allyson falou que parte destes recursos são destinados para pagar Liga de Combate ao Câncer, Maternidade Almeida Castro, Hospital São Luiz e Wilson Rosado, relacionados a cirurgias oncológicas, cardíacas, exames complexos e leitos de UTI.
Diante disso, o prefeito se disponibilizou a esclarecer pessoalmente ao secretário de Planejamento. “Posso ir até ele, desenhar e mostrar. Vou com minha equipe pedir uma reunião, caso queira, para detalhar para ele. Mas, agora vou exigir um compromisso: se eu conseguir comprovar que o Estado deve, tem de se comprometer a começar a pagar. Se assumir este acordo, saio para Natal ainda hoje. E vou com documentos. Tá lançado o desafio”, destacou. “Quero deixar claro que o meu interesse não é de afronta. Minha relação com a governadora é de respeito. Eu ligo, ela me atende. Eu peço uma reunião, ela atende. Fui para apresentar os problemas de Mossoró. Cabe ao Governo dar a resposta”.