De Prates ao desvio na 304: Fátima não quer melindrar o Lula
A governadora Fátima Bezerra coleciona manifestações de desprestígio em pequenos atos (como a construção de um simples desvio na 304) até nos maiores (como a demissão de Prates), sem ao menos cobrar ou questionar a respeito
Por William Robson
Pela sexta vez, o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit) adiou a construção de um desvio de pouco mais de 700 metros na BR-304. A lentidão da obra atinge, fortemente, aspectos econômicos, turísticos e políticos no Estado. A governadora Fátima Bezerra até que tentou pegar carona na pequena obra na intenção de mostrar agilidade diante da problemática gerada pelas fortes chuvas, que destruiu uma ponte na rodovia.
Com os adiamentos, até ela mesma desistiu, mas impregnou em si desgaste desnecessário. Mais que a vergonha e o vexame, Fátima deveria ter se unido ao clamor do potiguar pela construção do desvio. A governadora, em momento algum cobrou agilidade tanto do Dnit quanto do Governo Federal, não questionou o atraso, nem exigiu atenção para o caso. Assiste despreocupada a mais um adiamento. Enquanto isso, os motoristas seguem desembolsando R$ 20 para utilizar um desvio em propriedade privada próxima ao rompimento da estrada.
Da mesma forma, em outro episódio, a demissão humilhante de Jean-Paul Prates à frente da Petrobras não sensibilizou a governadora. No exterior, passou esta quarta-feira (15) sem expor qualquer manifestação de apoio ao seu aliado e principal nome do Estado no Governo Federal. Fez pela tarde, em tom de luto. “Toda gratidão ao companheiro e amigo @jeanpaulprates por sua dedicação enquanto presidente da @petrobras. Jean adotou importantes medidas à frente da estatal, com foco na transição energética, pondo fim ao desinvestimento da Petrobras no RN e com a criação da diretoria de transição energética e de sustentabilidade no nosso Estado”, disse, em seu Instagram.
Fátima não questionou o presidente Lula sobre a importante perda para o Estado, a clara demonstração de desprestígio materializada na sessão ultrajante pela qual Prates se submeteu na presença de seus algozes (os ministros Rui Costa e Alexandre Silveira) que, antes mesmo de sentar na cadeira no gabinete do presidente Lula, ouviu dele: “Te chamei aqui porque vou precisar do seu cargo e já convidei a Magda [Chambriard] para o seu lugar”.
Fátima teme melindrar o presidente Lula em qualquer situação, até mesmo naquelas em que o Governo Federal expressa deconsideração em pequenos atos (como a construção de uma simples passagem) até nos maiores (como a demissão de Prates), onde sequer a governadora foi consultada para opinar a respeito.