Petrobras

O significado da demissão de Prates

Se o mercado não gostou da saída de Prates significa dizer que atinge fortemente os propósitos do Governo Lula ao direcionar os interesses da empresa a projetos desenvolvimentistas

Por William Robson

O mercado fechou a cara quando recebeu a notícia da demissão do presidente da Petrobras, Jean-Paul Prates. A repercussão atingiu as ações da estatal com queda de  8,8% no pre-market em Nova York na manhã desta quarta (15).  Se o mercado não gostou da saída de Prates significa dizer que atinge fortemente os propósitos do Governo Lula ao direcionar os interesses da empresa a projetos desenvolvimentistas.

Em entrevista à jornalista Andrea Sai, em seu blog no G1, Prates afirmou que sua saída deve-se à “intrigas palacianas”. É importante lembrar que o processo de fritura do presidente da Petrobras vinha ocorrendo há mais de um mês, episódio que envolveu o ministro das Minas Energia, Alexandre Silveira, de Minas e Energia, e Rui Costa, da Casa Civil. Momento de rispidez entre eles, a ponto de ministro da Fazenda, Fernando Haddad, entrar em defesa de Prates. Até aí, imaginava-se que a página estaria virada, o presidente da Petrobras seguiria mantido e a crise teria passado.

Ledo engano. Lula aguardou para que o entrevero passasse, porém, as intenções de substituir Prates continuaram. Foi em abril que o presidente lançou o convite a Magda Chambriard para assumir o cargo no lugar dele. O anúncio efetivamente aconteceu nesta terça-feira (14). Um dos auxiliares do presidente afirmou a troca do comando da Petrobras se deu agora “porque a imprensa parou de falar no assunto”.

Lula alegou que Prates não estaria entregando resultados da Petrobras na velocidade em que o governo esperava. Prates, por sua vez, discordou e afirmou que resultados apareceriam em alguns anos. O presidente não quis esperar.

O mercado reagiu negativamente com as mudanças na empresa. Certamente, a Petrobras terá, a partir de agora, um perfil muito mais voltado ao social do que ao capital.