Como Mossoró reagiu a quem quis politizar a vacina?
Mossoró viveu um congraçamento nas dez unidades básicas de saúde. O balanço desta manifestação de unidade foram de 1.326 doses aplicadas no sábado e outras 1.634 doses no domingo
Por William Robson
Não faz tanto tempo assim. A gestão passada da ex-prefeita Rosalba Ciarlini recebeu mais de R$ 80 milhões para o enfrentamento à Covid. Só e somente só para este fim. Naquele momento, pouco se fez com tantos recursos. O tema desembarcou este ano na Câmara. Busca-se respostas para a destinação do dinheiro específico ao combate à pandemia. Não faz tanto tempo assim, mas muitos mossoroenses não se lembram porque sequer sabiam disso.
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No ano passado, tais números não eram explicitados facilmente. Não fossem os atentos devoradores do Portal da Transparência, os demais jamais imaginariam que a cidade teria esta dinheirama para a Covid. A questão ainda paira: não se sabe onde foi efetivamente aplicada, além de túneis placebo que injetavam detergentes naqueles que adentravam na Cobal.
Tal preâmbulo expôs a baixa preocupação no combate à pandemia no ano passado. Dos túneis ao interesse pela cloroquina, passando pelos decretos discrepantes ao do Governo do Estado que restringia as atividades econômicas… A pandemia avançava na cidade. E mesmo quando o Bolsonaro acumulou recusas de vacinas no ano passado, não se testemunhava no período a mesma ferocidade atual do grupo rosalbista em torno do presidente que, naquele momento, debochava da situação.
O ano foi passando e o eleitor mossoroense defenestrou a todos do Palácio da Resistência. Intentava mudança plena. Nenhum rosalbista, nem resquício de sua política. Isso inclui o enfrentamento à pandemia. Maior atenção das unidades de saúde, entrosamento dos decretos de medidas restritivas e avanço real na vacinação.
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O novo gestor, Allyson Bezerra, tinha que levar esta missão consigo. Os opositores, ainda frustrados com a derrota, lampejam aulas de gestão, ausente no ano passado. No intuito de tutelar o governo Allyson, sugerem o que ele deveria fazer ou deixar de fazer. Querem que o atual prefeito aja exatamente como os eleitores de Rosalba gostariam. E o elemento principal da politização agora é a vacina, nunca antes levada a sério pelos seguidores da ex-prefeita, os mesmo que aguardavam comemorar a reeleição com trio-elétrico, réveillon e carnaval, nas palavras da líder.
A última considerou o fato de que o atual prefeito estaria guardando vacinas e que não imunizaria os mossoroenses pelo simples fato de não querer. A mídia que ainda resta do rosalbismo sugeriu que a vacinação seria suspensa na sexta-feira (2), devido ao feriado. Na verdade, a bobagem foi rapidamente contornada. Sem vacinas, Mossoró aguardava nova remessa. Chegou na sexta à noite. A vacinação transcorreu em regime de força-tarefa no final de semana.
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Mossoró conseguiu superar com folga a marca de 10% da população vacinada na semana passada, não alcançada por nenhum Estado brasileiro. Superou a média nacional. A campanha local foi intitulada de Mossoró Vacina e conseguiu agregar um apoio real da sociedade mossoroense. Mais de cem pessoas se colocaram como voluntários, em ato de união pouco visto na cidade. A politização da vacina em Mossoró não desestimulou a ação que acelerou a imunização contra a Covid-19 de idosos de 64 e 63 anos neste final de semana. Entre voluntários, estudantes de medicina, psicólogos. Até a reitora da Uern foi contribuir.
A reação do mossoroense veio com manifestações de alegria daqueles que eram vacinados. Ao contrário da baixaria dos rosalbistas, até Rosalba foi vacinada e aconselhou a todos a fazerem o mesmo. Dona Irene levou seu astral para a UBS e destacou a importância da vacina. Mossoró viveu um congraçamento nas dez unidades básicas de saúde. O balanço desta manifestação de unidade foram de 1.326 doses aplicadas no sábado e outras 1.634 doses no domingo. Ao todo, 2.960 doses em dois dias. Uma resposta e tanto a tanta inconformação.