Fiscalização na pandemia

A ação tardia, porém necessária, de conter os comerciantes clandestinos de Mossoró

Mesmo antipática, a decisão da secretária de Saúde em mobilizar as forças de segurança foi acertada. Tardia, porém acertada. Ela está na linha de frente da pandemia em Mossoró, cidade que se tornou o epicentro da doença no RN

A reunião desta terça-feira (19) da secretária de Saúde da Prefeitura de Mossoró, Saudade Azevedo, com representantes das forças de segurança e Vigilância Sanitária, mostra que a água bateu no pescoço. Algo precisa ser feito para conter os comerciantes que insistem em descumprir os decretos da prefeita Rosalba Ciarlini e da governadora Fátima Bezerra quanto ao isolamento nesta pandemia. Ambos os documentos versam sobre os serviços essenciais liberados, mas alguns lojistas, fora dos requisitos, estavam sentindo-se à vontade em desobedecer a ordem pela ausência de qualquer fiscalização que os impedisse.

Apesar da carreata pró-pandemia, dos empresários ausentes de alteridade e que negligenciam a saúde dos seus conterrâneos, uma medida foi tomada para mudar a situação. Do encontro desta terça, definiu-se que não haverá tolerância com quem transgredir os decretos de isolamento. O Centro da cidade, funcionando como um dia normal, vai precisar se adaptar.

Saudade explicou a decisão permeada de temor da antipatia que pode causar em algumas pessoas: “Os comércios que estiverem abertos, mas não são permitidos pelo decreto vão ter se adequar. Os que estão abertos, de acordo com decreto, mas não cumprem as determinações vão ter que se adequar. Essas medidas, por vezes, são vistas como antipáticas, mas necessárias para salvar a vida das pessoas”, disse.

Como sabemos, o mossoroense nunca esteve efetivamente em quarentena. Nunca respeitou os decretos do governo. Bastava que a fiscalização desse as caras para que a situação pudesse entrar nos eixos, sem a necessidade de lockdown, como sugeriu os profissionais da saúde em  processo movido na Justiça. Ninguém garantiria que na atual condição dada, o lockdown viesse a ser respeitado também.

Mesmo antipática, a decisão da secretária de Saúde em mobilizar as forças de segurança foi acertada. Tardia, porém acertada. Ela está na linha de frente da pandemia em Mossoró, cidade que se tornou o epicentro da doença no RN. Os leitos de Covid-19 estão abarrotados e como abordado em comentário anterior deste site, Mossoró já está na zona de rebaixamento das cidades de médio porte brasileiras na iminência de colapso de UTIs.

Na sexta-feira (15) o sinal vermelho já piscava perigosamente alertando para  o caos que estaria por vir na estrutura de saúde do município, com 77% de ocupação. Não seria sensato pagar para ver apenas para não contrariar algumas pessoas avessas ao drama que estamos vivendo. Muito provavelmente a plena lotação de UTIs já esteja à porta. Somente a ação coercitiva dos aparelhos que agora a prefeitura aciona pode atestar valor ao papel do decreto assinado pela prefeita Rosalba Ciarlini e pela governadora Fátima Bezerra, impedir as aglomerações e conter novas contaminações que desembocam neste atulhado sistema de saúde local.