Trabalho

Como a reforma trabalhista sangra o movimento sindical no RN?

Entre os pontos que jogaram a carteira de trabalho no lixo, a precarização do trabalho, um deles é fortemente estratégico para a classe empresarial escravista: desagregar a classe trabalhadora

Por William Robson 

Ok, a pandemia aumentou muito o desemprego. Porém, as taxas que superam os 12% de desocupados no Estado atualmente se mantinham antes do coronavírus. E fala-se que teremos níveis piores após o ciclo total da pandemia passar e os desempregados, sem auxílio emergencial, se sentirem instados a procurar trabalho novamente.

Parece que temos memória curta mesmo. Nos governos progressistas, vivíamos o chamado pleno-emprego. Estávamos na casa dos 4% e talvez você lembre desta época em que até seus amigos eram disputados a tapa por empresas.

Tempos que não voltam mais. A Petrobras já definiu sua saída, o Governo do Estado reconheceu que não há muito a fazer e que cabe aceitar uma transição amena, de baixo impacto. Ou seja, teremos adição importante de desempregados no universo local, agora mais inchado com 300 mil habitantes em Mossoró.

Todos lembram também que, após a euforia brasileira de crescimento econômico e do trabalho, as forças conservadoras reagiram a ponto de derrubarem os governos progressistas e implantar a agenda liberal. Coube ao presidente Michel Temer esta função e uma das atitudes passava pela reforma trabalhista, eufemismo para retirada dos direitos dos trabalhadores. Os empresários sempre alegavam ser elevado o custo do trabalho e que, na verdade, gostaria que a Lei Áurea nunca fosse promulgada. Mas, em parte, conseguiram.

Entre os pontos que jogaram a carteira de trabalho no lixo, a precarização do trabalho, a tal uberização dos serviços, o biscate ganhando status de empreendedorismo, um deles é fortemente estratégico para a classe empresarial escravista: desagregar a classe trabalhadora.

Como sabemos, o partido que os representava já havia sido apeado do poder. A próxima vítima seria o movimento sindical. Neutralizando os sindicatos, o trabalhador, entregue à própria sorte, seria forçado a negociar em desigualdade de condições com o patrão. E, em parte, também conseguiram.

Os números do IBGE divulgados nesta quinta-feira (27) mostram as consequência de tudo isso. Além do desemprego e das reformas que se uniram, em seguida,  à trabalhista (como a da Previdência e das terceirizações), o movimento sindical foi, progressivamente, fragilizado.  Como informado pelo IBGE, mais de 4,5 mil trabalhadores se desfiliaram de sindicato em 2019 em comparação com o ano anterior, uma redução de 2,6%, no RN. O movimento sindical foi abatido, embora tente reagir. Existem ainda 170 mil pessoas sindicalizadas no Estado

Segundo dados do IBGE, reforçados pela Agência Saiba Mais, até 2018, o RN ocupava a quarta posição no país com mais trabalhadores sindicalizados.Agora, está na sétima posição. Quer dizer, o efeito da destruição do trabalho no Estado é sentido aos poucos, necessitando das entidades reflexão e ação urgente para conter a sangria. E o trabalhador, por sua vez, se reconher como tal na luta contra a exploração e para a retomada da sua dignidade.