Memória

Zenóbio, um filósofo poçofeísta

Zenóbio sempre guardava tiradas interessantíssimas. Sempre questionador sobre os temas. Sempre com a mente inquieta

Por William Robson

Um dos comunicadores mais marcantes do RN nos deixou repetinamente. Todos nós pegos de surpresa. Zenóbio Oliveira, cinegrafista e figura de inteligência ímpar. Foi a nossa “turma” de graduação em Comunicação na Uern que deu origem a debates reflexivos travados na cantina do Bira no Centro de Convivência, por volta de 2010. Eu, Allan Erick, Stenio Urbano, Rodolfo Paiva, Bruno Soares, Higo Lima Lenilson Freitas e Zenóbio das Aguilhadas (referência ao sítio em que nasceu)… Todos avaliando as leituras e as condicionantes filosóficas dos pensadores da Comunicação.

Daí surgiu o convite do Zenóbio para que todos fôssemos continuar nossas reflexões em Governador Dix-sept Rosado, sua terra-natal. Organizou um sábado agradável na área do Poço Feio, em meio às rochas, lagos, e com a cerveja ajudando a pensar melhor.

Os “filósofos” do Poço Feio: Zenóbio Oliveira, Higo Lima, Allan Erick, Lenilson Freitas, Stenio Urbano e eu

Surgiu então a “Escola Filosófica do Poço Feio”, algo fictício para brindar aquelas mentes que estavam fervilhando com as novas leituras absorvidas. E cada um virou um filósofo poçofeísta. Assim, os debates sempre ocorriam com este grupo de estudantes que analisava o cenário do jornalismo e da comunicação.

Zenóbio sempre guardava tiradas interessantíssimas. Sempre questionador sobre os temas. Sempre com a mente inquieta. No campo profissional, foi o olhar para os temas mais importantes do Estado, enquanto perdurou com uma ideia na cabeça e uma câmera na mão na TV Cabugi e na TCM. Depois, seguiu para Uern, onde estudou, e agora atuava na Uern TV. Amava o que fazia.

Foi nesta rotina de trabalho que foi acometido por um infarto. Estava na UernTV quando se sentiu mal e desmaiou. Mesmo socorrido, não foi o suficiente para reanimá-lo. Tinha  59 anos. Todos nós ficamos surpresos.

A filosofia é uma forma de imortalidade. A memória nunca morre e a expressão de Zenóbio, através de suas reflexões, imagens e olhares também não. E, a contragosto, digo adeus, amigo das Aguilhadas.