Ataques golpistas

O que Girão sabia sobre os atos golpistas

A Polícia Federal não acredita em profetas

Por William Robson

O deputado federal General Girão (PL) é um profeta. Em dezembro do ano passado anunciou que um papai noel fardado estaria chegando e e pediu que os seguidores bolsonaristas pendurassem as meias na janela. Não se sabia ao certo o que suas palavras simbolizavam e, no melhor estilo dos preditores, deixou tudo implícito.

A Polícia Federal não acredita em profetas. Mas, suspeita que Girão possa ter envolvimento direto, através de estímulos e ameaças, dos atos golpistas que culmiram com a destruição da Praça dos Três Poderes. Para a PF, o deputado “parecia estar ciente de que algo importante para ele e seus seguidores estava prestes a acontecer”.

E as provas desta ciência começam a aparecer. As ameaças deram o norte.  No dia 6 de dezembro, Girão foi para o Twitter e atiçou a ira bolsonarista: ”Temos convicção que aqueles homens e mulheres que são atiradores cadastrados como CAC’s podem sim fazer parte de um efetivo mobilizável para as Forças Armadas. Afinal de contas, já são hábeis no manuseio da arma como instrumento de defesa”, escreveu.

Agora, a Polícia tem elementos que explicam a profecia.  A revista Fórum traz matéria em que mensagens encontradas pela Polícia Civil do Distrito Federal no celular do militante bolsonarista George Washington de Oliveira Sousa colocam parlamentares bolsonaristas em enrascadas. Entr eles, está o deputado Girão. Com ele, o senador Eduardo Girão (Novo-CE)

Troca de mensagem com o terrorista, tomaram ciência dos planos de ações violentas e da ameaça de bomba no aeroporto de Brasília.

“General Girão, vão esperar até quando para acionar os CACs? Têm CACs prontos. Acione, general! Coloque-os em treinamento militar intensivo. Temos muitos fuzis a disposição, não nos deixe sair como bandidos”, escreveu George Washington em 11 de dezembro de 2022.

As profecias começaram a se concretizar. No dia seguinte, Brasília foi atacada com carros incendiados. Logo em seguida, a bomba no aeroporto. O ministro do STF Alexandre de Moraes  determinou que um inquérito fosse aberto para investigar a possível participação de Girão como incitador dos atos golpistas de 8 de janeiro.