Por Regy Carte
Falecido em Mossoró aos 73 anos, nesta sexta-feira (12), Vicente de Souza Rêgo era diferenciado. Contemporâneos de Câmara do ex-presidente – quer políticos, quer servidores – guardam dele as lembranças do homem gentil e conciliador.
Ninguém consegue cinco eleições à Presidência da Casa à toa. Vicente era hábil como poucos. Tive o privilégio de conferir isso de perto, há vinte anos, como assessor de imprensa da Câmara, no último biênio dele (2003-2004).
Quase não havia polêmica no plenário. Vicente, com sua articulação e liderança, era o mestre dos bastidores. Se não conseguia acordo ao projeto, segurava-o e insistia no consenso. Quando o obtinha, pautava a matéria.
Assim, o tema já chegava maduro na sessão, que a presidia com elegância e segurança, assessorado na Mesa por Flávio Barros, também de saudosa memória.
Nos dez anos que presidiu a Casa, um ato de coragem também o marcaria: a cruzada para transferir a Câmara de uma casa, na Rua Tiradentes, para o imponente prédio com vista à catedral de Santa Luzia e à praça Antônio Vigário Joaquim.
Corria o ano de 1993, início da legislatura, e Vicente cumpriu o prometido aos seus colegas: conferiu aos vereadores, que se espremiam na antiga sede, status de deputado – cada qual com seu gabinete parlamentar, assessoria e outros avanços.
Aliás, coube ao hotel que ele fez Câmara, adaptando os apartamentos a gabinetes e o restaurante ao plenário, ser palco do infarto que o tirou da vida pública, em 2004, pouco antes de ser anunciado candidato a vice-prefeito. Teria ido ainda mais longe.
Fica, porém, o legado: o engenheiro da Cohab e as milhares de casas populares, o vereador de quatro mandatos, uma das mais fulgurantes lideranças dos anos 80, 90 e 2000 em Mossoró; a cordialidade, a conciliação, as oportunidades que deu.
Obrigado, Vicente Rêgo.
Que Deus o tenha.