Saúde

Uma saúde em colapso

A semana começou com novo protesto dos profissionais por pagamento. Diante da ameaça de greve marcada para a última terça-feira, 26, o Governo decidiu novamente prometer

Por William Robson

Os médicos de Mossoró que prestam serviço ao Governo do Estado estão sem salários desde julho. A governadora Fátima Bezerra tem ciência do colapso no sistema e aposta em promessas e acordos sistematicamente descumpridos. A semana começou com novo protesto dos profissionais por pagamento. Diante da ameaça de greve marcada para a última terça-feira, 26, o Governo decidiu novamente prometer.

O Sindicato dos Médicos do RN (Simed-RN) fechou acordo judicial para que o Governo pagasse pelo menos, os salários do mês de julho para os médicos que atuam nas UTIs do Hospital Regional Tarcísio Maia. O acordo determinou o prazo 22 de novembro, ou seja, na sexta-feira da semana passada. Nada caiu na conta e para pressionar, a greve foi marcada.

O presidente do sindicato, Geraldo Ferreira, explicou que o acordo quebrado já era resultante de outra paralisação. “Quase todos os meses a gente precisa paralisar para receber os atrasados”, disse. “O Estado tem descumprido de forma recorrente”.  Portanto, as paralisações se transformaram em rotina entre os médicos. Diante deste cenário tenebroso, O Governo novamente prometeu. Garantiu que o pagamento sairia nesta terça-feira, 26.

Os médicos concordaram em suspender a greve desde que o mês de julho fosse imediatamente pago e o salário de agosto fosse depositado até 18 de dezembro. O Governo ainda não respondeu.

A gravidade da saúde do RN em Mossoró chegou ao ponto da Justiça bloquear R$ 4.765.668,12 das contas do Estado para garantir o lógico: o funcionamento do Hospital Maternidade Almeida Castro, outra unidade da cidade em penúria. O juiz Magno Kleber Maia tomou a decisão ante a “uma possível paralisação em massa de profissionais médicos, fisioterapeutas, ginecologistas e anestesistas (…) que poderá gerar um colapso nos serviços prestados por esta instituição”.

Embora não fosse um problema do âmbito da prefeitura, o prefeito Allyson Bezerra se prontificou a evitar caos maior. Já tinha colocado a saúde do Município à disposição quando até mesmo o tomógrafo do Estado pifou. O Município passou a realizar as tomografias de urgência e emergência a pedido do Governo.

Dessa vez, foi a falta de pagamento dos especialistas. “É inaceitável”, afirmou o prefeito em suas redes sociais. “Para não deixar essas mães desamparadas, a Prefeitura de Mossoró está custeando os médicos para atender os partos de urgência”.

Vereadores de Mossoró também entraram na problemática. Foram presenciar a situação do Hospital Almeida Castro, nesta terça-feira. A convite do vereador Genilson Alves (UB), os parlamentares debateram a situação em plenário e foram até o hospital. “Será que Mossoró está excluída dos investimentos do Governo do Estado?”, questionou.

Os vereadores Ozaniel Mesquita (União Brasil), Marckuty da Maisa (União Brasil), Tony Cabelos (União Brasil), Ricardo de Dodoca (União Brasil), Wiginis do Gás (União Brasil), Lucas das Malhas (União Brasil), e os vereadores eleitos Wladimir (PSD) e Jailson Nogueira (PL) estiveram no encontro com os diretores do hospital. Nenhum parlamentar ligado ao Governo se compadeceu com o panorama de colapso da saúde a ponto de também participar.

Como não há nada ruim que não possa ficar pior, o diretor-técnico de outro hospital, o da Mulher, Hugo Marcus Aguiar de Melo Rodrigues, anunciou a “suspensão de procedimentos cirúrgicos de urgência e emergência”. A razão: não há um só pacote de gaze em estoque.