Eleições

Uma campanha sem Rosado em Mossoró

A banda Rosado capitaneada pela ex-deputada federal Sandra Rosado (PSB) jogou a toalha. Nem a vereador  terá candidato

Por Carlos Santos

A campanha municipal de Mossoró de 2024 está se desenhando com várias características incomuns à história das contendas municipais, em décadas, pelo desenho visto até agora. Uma delas, é a enorme possibilidade de não ter sequer um integrante da oligarquia Rosado em cabeça de chapa, a vice ou alguém escolhido por sua iniciativa para representá-la.

A banda Rosado capitaneada pela ex-deputada federal Sandra Rosado (PSB) jogou a toalha. Nem a vereador  terá candidato.

O sistema político liderado pelo ex-deputado estadual Carlos Augusto Rosado (PP), também não. Sua mulher, a ex-prefeita (quatro vezes), ex-senadora e ex-governadora Rosalba Ciarlini Rosado (PP) não encontrou condições mínimas para tentar levantar voo. Deve ‘terceirizar’ o apoio.

O modelo oligárquico ortodoxo que produziu uma mentalidade de “eugenia política”, ou seja, de pureza e crença de superioridade com base apenas no sobrenome Rosado, está em xeque há vários anos. O grande baque foi em 2020. No momento, a família e suas vertentes políticos não possuem sequer um mandato eletivo. É improvável que o tempo rebobine a partir deste ano, para se repetir como no passado de glória. Passou.

Desde 1948, os Rosados pontificavam na política de Mossoró, a partir da eleição de Dix-sept Rosado a prefeito e seu irmão Vingt Rosado a vereador. Direta ou indiretamente, venceram quase todos os pleitos municipais até 2016 – ou seja, 68 anos de poder.

Três derrotas

Do fim dos anos 40, para cá, apenas três derrotas na conta em 20 eleições municipais: 1968 quando Vingt-un Rosado foi superado por Antônio Rodrigues de Carvalho; 2014, em pleito suplementar, vencido com facilidade pelo prefeito interino Francisco José Júnior (PSD), deixando Larissa Rosado (PSB) bem atrás (veja AQUI); e 2020, quando o deputado estadual Allyson Bezerra (SDD, hoje no UB) desbancou Rosalba do sonhado quinto mandato.

Na eleição suplementar de 2014, pela primeira vez em 26 anos, o “rosalbismo”, derivação do rosadismo, não participou de uma eleição municipal com candidatura a prefeito com nome e sobrenome ou engendrando uma chapa. A história deve se repetir neste 2024.

Quanto ao rosadismo, ou “sandrismo”, a desnutrição tem um marco também em 2014, mas numa sequência acelerada. De lá até aqui, ladeira abaixo. Em 2016, saiu do papel de principal força de oposição e topou se unir a Carlos Augusto e Rosalba. Virou força-auxiliar de quem combateu durante décadas, e apenas elegeu Sandra Rosado como vereadora. Atrás de si, ela e seu grupo viram outros nomes assumindo o campo oposicionista no teatro de guerra.

Em 2020, o rosadismo-sandrismo almejava ser vice de Rosalba, como sonhou em 2016. Contentou-se em ter a ex-deputada estadual

Larissa Rosado eleita como vereadora, depois cassada. Nada mesmo sinaliza que 2024 possa ser o ano da renascença. De tudo falta um pouco: meios, votos e, principalmente, coragem. Tudo passa.