Um jornalismo do povo e para o povo
Há uma preocupação quase unânime nestas escolas em formar mão-de-obra para as empresas de mídia hegemônicas, reafirmando o discurso burguês e antipovo que dilacera as relações sociais e fortalece um capitalismo individualista e sem caráter comunitário
Percebemos no minicurso que estou ministrando na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), em que debatemos sobre um outro jornalismo possível, algo muito interessante: o quanto as escolas de Jornalismo no Brasil ainda não se preocupam em oferecer a oportunidade aos grupos populares de dominarem as técnicas jornalísticas.
Estes grupos sequer têm acesso a elas.
Há uma preocupação quase unânime nestas escolas em formar mão-de-obra para as empresas de mídia hegemônicas, reafirmando o discurso burguês e antipovo que dilacera as relações sociais e fortalece um capitalismo individualista e sem caráter comunitário.
Ou seja, o olhar conservador permeia fortemente estas estruturas acadêmicas.
Esse trecho do livro do Adelmo Genro Filho, “O Segredo da Pirâmide”, e abordado no nosso debate, mostra o vácuo que precisa ser preenchido nestas escolas.
De oferecer uma chance importante para que integrantes de sindicatos, MST, sem-teto, movimento LGBT, feministas, negros, indígenas, etc. conheçam as ferramentas e apresentem o seu olhar.
Porém, vai bem além de postagens vazias de blogs ditos noticiosos e postagens “inteligentes” de Facebook.
É uma ação engajada e profundamente orgânica: garantir a estes grupos uma voz jornalisticamente ativa e não-amadora.
Um jornalismo do povo e para o povo não é apenas dar a voz nos restritos e mal editados espaços da mídia burguesa.
É fazer este povo dominar e produzir um jornalismo visceralmente popular.
VIVEREMOS E VENCEREMOS