Golpe de 2016

Os que fogem pela tangente

A figura quer, tão somente, sair pela tangente, fingir que não é com ela. No entanto, foi peça fundamental para alcançarmos este atual estágio de desmonte. Ela sabe disso

 

A agenda eleita nas urnas não foi essa. Aí vem o intelectual de balcão de quitanda e diz: “Votou em Dilma, votou em Temer”. Sim,concordo. Mas frase de efeito não é somente para responsabilizar quem votou na Dilma.

A figura quer, tão somente, sair pela tangente, fingir que não é com ela. No entanto, foi peça fundamental para alcançarmos este atual estágio de desmonte. Ela sabe disso.

Por que foi à rua pedir a saída da Dilma, uma presidenta sem qualquer crime? Achou que quem entraria no lugar? O Pato Donald? Contribuiu para o golpe e agora finge que que não é contigo?

Se a tal figura não se responsabiliza pelo atual cenário de absurdos, pelo simples fato de não ter votado na Dilma, sob esta lógica pode-se dizer que esta mesma figura não deveria ter protestado por sua saída. Afinal, não votou na Dilma.

A agenda do Temer, traidor da Dilma e dos votos dos brasileiros, jamais passaria nas urnas e não foram os 54 milhões que escolheram isso que estamos vendo.

O PSDB, defenestrado em quatro eleições seguidas, foi simplesmente alçado ao poder pós-golpe, com Serra, Aloysio Nunes, Anastasia et caterva.

A questão é mais complexa que o reducionismo dos intelectuais de balcão de quitanda. O eleitor votou numa agenda popular.

Os reaças foram às ruas para pedir isso que está aí, a demolição total do Estado de bem estar social.

Nós lutamos contra o golpe emplacado à Dilma, sem qualquer apoio do poder econômico, parlamentar, midiático e dos seus walking deads (os que fogem pela tangente).

Os reaças queriam que Temer aplicasse a agenda antipovo, a que não foi eleita.

O golpe, simplesmente, atingiu os votos dos eleitores, a democracia… Quem foi para a rua, não foi contra corrupção. Foi por não aceitar uma nova agenda popular em curso.

Por isso, repentinamente, os protestos e as panelas cessaram.

Dizer simplesmente que Dilma deveria ter escolhido melhor o seu vice, como que por clarividência, seria o equivalente a dizer que você deveria escolher melhor seus amigos ou que Jesus deveria ter escolhido melhor seus apóstolos.

Jogar para os 54 milhões a responsabilidade de uma agenda derrubada para a implantação de uma outra totalmente diferente e atroz com o PSDB, não-eleito, no comando disso, é de uma insanidade absurda, passível de internação.