Saia justa para Carlos Eduardo
O ex-prefeito de Natal afirmou que o “PT está 100% com ele”. O problema é que ele não poderá dizer o mesmo, diante da vigilância da “cláusula anti-Lula” do PDT
Por William Robson
Na disputa sobre quem seria o candidato da governadora Fátima ao Senado, o ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PDT) afirmou que o “PT está 100% com ele”. O problema é que ele não poderá dizer o mesmo. Uma resolução do seu partido, homologada nesta quinta-feira (22) por 280 delegados, o coloca em saia justa. Há um ponto específico no documento apelidado de “cláusula anti-Lula”. Seria para constranger quaisquer movimentos ou acenos diretos ao petista no período eleitoral por membros do PDT.
Carlos Lupi, presidente do partido, afirmou que todos serão monitorados o tempo todo. “Vamos montar uma comissão de ética que vai monitorar. Com as campanhas nas redes sociais, é ainda mais simples fazer isso. Mesmo sem comissão, já recebemos denúncias, então vamos cumprir o que está na resolução”, disse.
Sob vigilância, Carlos Eduardo tem o apoio e as garantias de Lula, mas montará um palanque para Ciro Gomes, o nome de seu partido à presidência, no RN. Ou seja, não poderá fazer qualquer menção, subir no palanque ou pedir voto para o candidato petista. Se não seguir orientações da resolução, consideradas “fatos de extrema gravidade”, estará sujeito a “cancelamento de registro de candidatura e podendo chegar à pena de expulsão”. O ex-prefeito está em saia justa.
Quando o senador Jean-Paul Prates abriu alas para que Carlos Eduardo passasse, tornando-se o candidato de Fátima ao Senado, uma foto foi publicada do ex-prefeito ao lado de Lula para selar a aliança. Sem alarde, a imagem não foi sequer divulgada nas redes sociais de ambos, justamente para evitar constrangimento com o partido. Carlos Eduardo garante que vai pedir votos para Ciro Gomes no RN. Indiretamente apoiará o Lula também, mas isso não deverá deixar isso evidente.
Além dos desafios para emplacar seu nome, contando com a resistência de integrantes do PT, dos projetos do deputado Rafael Motta, que atropelam os seus interesses, e como eleitor de Bolsonaro no passado, Carlos Eduardo arrola outro desafio, agora dentro da própria casa.