Rosalbismo grita para ser ouvido
Há poucos dias, o rosalbismo quis sair da toca, emitindo frequências no intuito de sentir a reação das pessoas depois de meses de mergulho e “anonimato”
Por William Robson
Desde que a ex-prefeita Rosalba Ciarlini (PP) sofreu uma histórica derrota do prefeito Allyson Bezerra (Solidariedade), que decidiu mergulhar. Ninguém a via em lugar algum. E se era difícil conceder entrevista, enquanto o ocupava a prefeitura, imagine depois. Durante o período em que seguia ausente do debate político, Rosalba sempre reaparecia na boca de seus aliados e correligionários. Até o ano passado, pensava-se que a ex-prefeita poderia reaparecer como candidata a deputada estadual.
O tempo foi passando e permaneceu no Progressistas, dificultando qualquer possibilidade neste sentido. Garantir nominata que a elegesse não seria tarefa fácil, embora todos saibam que Rosalba mantém importante capital eleitoral em Mossoró, principalmente. Vale lembrar que o potencial que a levou a 59 mil votos, certamente, se dissipou e muitos agora migraram e encorpam os índices que superam os 75% de popularidade do atual prefeito.
Na política, nada é por acaso. Nem os sinais que emanam da escuridão. Há poucos dias, o rosalbismo quis sair da toca, emitindo frequências no intuito de sentir a reação das pessoas depois de meses de mergulho e “anonimato”. O grito do rosalbismo buscava uma reação do eleitorado. E tudo começou pelo presidente da legenda a qual Rosalba integra, o deputado federal Beto Rosado.
“O Progressistas disponibiliza a legenda se houver o interesse dela em se candidatar ao projeto majoritário. Conversei com ela durante o prazo final de formação das nominatas e disse que o partido está à disposição”, disse, há quatro dias, sobre a intenção do partido conceder espaço para ela se candidatar ao Governo.
Foi dada a deixa. O prefeito de Natal, Álvaro Dias (PSDB), aproveitou também. No encontro estadual do PP, convidou Rosalba a não desistir da vida pública. “Eu entendo que uma pessoa séria, bem intencionada, capaz, competente que muito contribuiu, ainda muito tem a contribuir para o Rio Grande do Norte, que é governadora Rosalba Ciarlini, que precisa reencontrar a política do Estado”, afirmou.
O grito foi dado e agora espera-se a repercussão de seus eleitores. Rosalba disse que o momento é de “reflexão e reestruturação”. Ela tem razão. Há muitos cacos a serem recolhidos. O rosalbismo foi preterido nas últimas eleições, impacto que atingiu a vaidade de um grupo arrogante. E não seria, como candidata ao Governo nas eleições de 2022, que renasceria das cinzas. Os eleitores de Mossoró se manifestaram recentemente. E o legado negativo do Governo do Estado ainda está na memória.
Mesmo assim, ela disse que vai continuar na política. “Estar presente na política não é obrigatório ser candidata, ter um mandato”, ressaltou. Pois é, e os sinais recentes dados até aqui não foram ainda captados como o grupo queria.