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Rockústica: o festival que uniu os roqueiros num anfiteatro

Num show dos Garotos de Porão em Tibau surgiu a Idéia: "Vamos fazer um festival de rock em Mossoró"
25 de maio de 2025
Acervo Marcos Menezes
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Por William Robson

No início da década, alguns barzinhos abrem Incentivando a juventude a montar bandas e divulgá-las nos shows. Uma das mais importantes foi o The Wall. Grupos como Garagem 31 – que hoje toca reggae -. Púrpura e Garotos do Porão iniciaram ali. Depois vieram o Papel Marché e o Ofensiva Lilás, que embora abrissem caminho para o rock, queriam mesmo era um estilo mais comercial.

Mas, o Distúrbio Mental tinha uma certa moral e geralmente impunha o que queria tocar. Isso ficava chato, até que num show dos Garotos de Porão em Tibau surgiu a Idéia: “Vamos fazer um festival de rock em Mossoró”. A princípio, ficou só nos Inúmeros projetos que as bandas do gênero ansiavam concretizar, porém, a vontade era bem malor. Nasceu a idéia de intitular o festival de Rockústica mistura de rock com a concha acústica, anfiteatro localizado em frente ao Colégio Diocesano Santa Luzia, onde aconteceu o evento.

Marcos Menezes segura cartaz do festival Rockústica, que ocorreu no início dos anos 90

Isso foi em 92. Marcos Menezes. ex-vocalista do Distúrbio (nessa época, a banda havia acabado e o que sobrou fol para os Garotos), com muita vontade de realizar o Rockústica, recebeu um certo apoio da Secretaria de Cultura e conseguiu fazer a primeira edição do evento no dia 22 de maio. Ao todo, foram nove bandas, entre elas as locais Púrpura. Crazy Heads. Orfeu. Necrofilia e Conflito. Multos grupos foram formados exclusivamente para participar do festival.

O sucesso foi impressionante. Marquinhos, então entusiasmado, resolve fazer a segunda edição em setembro. ainda com apoio de alguns patrocinadores e da Prefeitura de Mossoró. Também foi sucesso. Já o terceiro sofre um pouco com a mudança de prefeito e da sua equipe. A Fundação de Cultura apolava a realização do 3ª Rockústica apenas teoricamente, fazendo Marquinhos andar de um lado para outro, sem nada conseguir em definitivo. “Eu me lembro que nesse dia acertamos o som de Lázaro, com Charles. Mas, ele foi sacana. Na véspera do show, havia dito que não ia dar certo porque o equipamento iria para Fortaleza”, relembra o promotor do festival. “Ele sacaneou mesmo”. Entretanto, o evento reuniu 1.500 pessoas, em junho de 93.

A falta de continuidade do festival deveu-se a vários fatores. Primeiro, a escassez de patrocinadores, o apoio superficial da prefeitura e o evento aberto a todos. “Tudo que eu consegui ganhar foi uma carteira que Biton me deu para guardar as coisas”. conta Marquinhos.

Houve rumores para a realização da quarta edição. mas Marquinhos tornou-se evangélico, e ninguém teve a coragem de se levantar para organizar uma nova festa.

*Reportagem originalmente publicada no jornal Gazeta do Oeste, em 7 de setembro de 1997