Ideb

RN: A pior educação do Brasil é um projeto

O que chama a atenção, em específico no RN, é que o Estado não consegue sair da estagnação neste setor. A governadora Fátima Bezerra, que também é professora, anunciou que a Educação seria a sua maior prioridade

Por William Robson – Agora RN

Não é motivo de orgulho. O Rio Grande do Norte aparece na laterna no quesito educação no Brasil. O Ministério da Educação e o Inep divulgaram nesta quarta-feira, 14, os números do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) de 2023, principal indicador da qualidade do ensino básico e médio no país.

O RN não se saiu bem. Teve a mais baixa nota entre todos os Estados. É a segunda vez seguida que amarga esta situação, bem aquém da média nacional. O ensino médio do RN obteve a nota de 3,7, a pior do país. A maior foi de Goiás, com 4,8, e a média brasileira foi de 4,1.

O índice engloba escolas mantidas pelo Estado, pela União e pelo setor privado. Significa que o ensino médio do RN conta com 75,9% das escolas na rede estadual, 13,9% da rede privada e 10,2% da rede federal.

Em todos os rankings, o RN se saiu mal. Ainda teve o pior desempenho nos últimos anos do ensino fundamental, do 6º ao 9º ano, com nota 4,1. Nos anos iniciais, também a pior nota, 5,3. O Ceará, nosso vizinho, teve desempenho bem superior: 6,6.

Para chegar a estes índices, os parâmetros baseiam-se no desempenho em português e matemática nos exames aplicados pelo Inep, que são padronizados em uma escala de 0 a 10. O que chama a atenção, em específico no RN, é que o Estado não consegue sair da estagnação neste setor. A governadora Fátima Bezerra, que também é professora, anunciou que a Educação seria a sua maior prioridade. No entanto, os melhores índices de seu Governo são observados na segurança pública.

Mesmo assim, o Governo tentou se explicar. A secretária da Educação, Socorro Batista, atribuiu a um “ciclo total de ausência total de investimento em governos passados, que culminou com a pandemia, já no nosso governo, o que trouxe para o estado diversas dificuldades de investimento”.

Para o Governo, o programa Pé de Meia, do Governo Federal tende a ser um incentivo, mas reconhece a ausência de novas estratégias. “Assim como as taxas de reprovação, que ainda temos, nós precisamos mudar a estratégia de avaliação, atualizar os processos e compreender que precisamos extrair do aluno o que eles têm de melhor”, disse a secretária, em entrevista à imprensa.

De certo, a secretária tem razão em considerar que a pior educação do Brasil decorre de uma construção de Governos. Inclusive o atual. Além disso, este empenho nefasto vem de onde menos se espera. O Ministério Público entrou com pedido para suspender o reajuste salarial dos professores do Estado, já negociado e que vinha sendo pago de forma parcelado pelo Governo do Estado.

A Justiça, por sua vez, prontamente atendeu. Considerou que os aumentos foram concedidos sem observar os impactos orçamentários. O desembargador Cláudio Santos disse que o Estado não tinha condições de pagar e que o reajuste afetaria as finanças. “O reajuste automático da remuneração de servidores inegavelmente agravaria ainda mais a situação financeira do ente público”, alegou, na decisão.
Assim, esta crise constante na educação do RN, parafraseando Darcy Ribeiro, não é uma crise; é um projeto.