Quatro dias: o que Bolsonaro precisa fazer
O cenário mostra que Bolsonaro enfrenta desafio superior ao submetido em todo o segundo turno
Por William Robson
Ao contrário do que muitos apregoavam, em nenhum momento Bolsonaro cresceu em proporção maior que a de Lula nas pesquisas. Desde a votação do primeiro turno, quando confirmados que 94% dos eleitores votaram em ambos, o percentual apresentou índices de 52% a 48%. Permaneceu assim durante todo o segundo turno.
Contudo, analistas ressaltaram informações de que o QG bolsonarista estaria em euforia há dez dias das eleições por conta de uma aproximação que, a rigor, não estaria ocorrendo. O Datafolha projetou oscilação de um ponto percentual na semana passada, portanto dentro da margem de erro, incapaz de garantir qualquer afirmação neste sentido.
Por sua vez, a reta final da campanha está servindo para reafirmar e esclarecer o favoritismo do ex-presidente Lula, presente em todas as pesquisas sérias até aqui divulgadas. A campanha de Bolsonaro colecionou uma sucessão de erros, imperdoáveis considerando a aproximação das urnas, que vão desde as declarações pedófilas à ação tresloucada de um de seus coordenadores. A bala de prata viria da “genialidade” do ministro Fábio Faria, com a denúncia da ausência de inserções da propaganda eleitoral do seu chefe, argumento que não convenceu à Justiça Eleitoral.
Assim, entre erros e euforia, o que Bolsonaro pode fazer a quatro dias da eleição? Nos levantamentos divulgados na manhã desta quarta-feira (26), o cenário mostra que Bolsonaro enfrenta desafio superior ao submetido em todo o segundo turno. Na pesquisa Quaest, Lula segue estável (53% a 47%), repetindo o desempenho no PoderData, que mostra a boca do jacaré se abrindo.
Bolsonaro precisa realizar a façanha de virar 1,55 milhão de votos por dia (considerando o dia da eleição também), sem permitir que nenhum deles seja revertido para o Lula. Entre os indecisos, na faixa de 2% (PoderData) e 5% (Quaest), o presidente precisará garantir a totalidade dos votos. Nem assim, alcançaria o Lula nos votos totais (48% a 42%). No entanto, se Bolsonaro convencer todos aqueles indecisos, os que vão votar em branco ou nulo, a situação se inverte. Panorama inverossímil.
O presidente precisará se agarrar no que não conseguiu fazer em todo o segundo turno, mesmo com a forte máquina estatal, descaradamente, a seu favor. Algo improvável e já abatendo o QG bolsonarista, que agora parte para as tramas conspiratórias e denúncias infundadas de fraudes.