Ajuda emergencial de R$ 600

Qual o impacto em Mossoró e no RN, caso Bolsonaro reduza o auxílio emergencial?

Ontem, durante transmissão, o presidente afirmou que pretende vetar a prorrogação do auxílio, caso o Congresso decida manter o valor atual. Seu intuito é pagar a metade pelos próximos dois meses

Como sabemos, Jair Bolsonaro nunca levou a pandemia que já matou 40 mil brasileiros a sério. O histórico de desdém é conhecido por todos e seu empenho em explodir o isolamento e ampliar a lista de vítimas é notável. A sua insensibilidade não impressiona, ele já naturalizava genocídios bem antes da campanha. Agora, vai atacar em outra frente: no auxílio emergencial de R$ 600, aprovado pelo Congresso.

Diante da pressão para atender à população mais vulnerável no Brasil, o Governo Bolsonaro propôs um auxílio de R$ 200. Foi amplamente derrotado pelos congressistas, que triplicaram o valor e ainda expandiram a até R$ 1.200 por família. Mas, ele não desistiu.

Nesta quint-feira (12), durante transmissão, afirmou que pretende vetar a prorrogação do auxílio, caso o Congresso decida manter o valor atual. Seu intuito é pagar a metade pelos próximos dois meses, proposta que os deputados não aceitam. Com menos recursos, as pessoas atendidas estariam mais propensas a abrir mão do isolamento, ampliando o panorama de contágios, as acupações de leitos e a quantidade de mortos. Mesmo assim, nada disso parece sensibilizar aquele que comanda o Poder Executivo.

Infográfico do jornal O Globo onde destaca a região Nordeste com maior número de beneficiários da ajuda emergencial

Um infográfico publicado na edição impressa do jornal O Globo desta sexta-feira (12) destaca a extensão do benefício, aliado ao Bolsa Família, no atendimento as regiões mais pobres. O Nordeste se destaca por ser a área mais vulnerável, onde 30% da população recebe a ajuda de R$ 600. Não precisamos ir muito longe para testemunhar as longas filas que se formam nas agências da Caixa de pessoas em busca deste recurso.

O mapa mostra que a região Nordeste é a que poderá sofrer os efeitos mais dramáticos caso a intenção de Bolsonaro siga adiante. E dos Estados do Nordeste, o Rio Grande do Norte e Pernambuco serão os mais afetados. Em ambos, houve um incremento de 13,9% na cobertura de beneficiários se comparado com o Bolsa Família, base de atendimento que traduz a situação de um povo realmente suscetível ante à pandemia e a recessão econômica que pode chegar a dois dígitos.

O RN sentiria fortemente a indiferença de Bolsonaro. Um terço da população do Estado, ou exatamente 1.102.658 potiguares, precisam deste dinheiro. Há cidades em que a desproteção chama a atenção. É o caso de  Severiano Melo, que registra a maior quantidade de beneficiários no Estado, com universo de praticamente a totalidade de seus habitantes. Em Mossoró, por sua vez, 76.334 pessoas apelam ao auxílio emergencial (onde a média alcança R$ 724). O contingente representa 26% mossoroenses. Ou seja, praticamente um em cada quatro.

Caso prospere os projetos que atacam estas pessoas, o Estado também sofrerá com a arrecadação. Por uma simples lógica: Quando o pobre recebe o recurso, o dinheiro se materializa na forma de consumo, gerando mais impostos para o Estado. E, neste momento, é que mais se precisa para o enfrentamento da Covid-19. Levantamento da Fundação Getúlio Vargas mostra como esta ajuda emergencial pode até mesmo impactar os potiguares, incluindo os não-beneficiários. Para cada R$ 1 gasto do auxílio, R$ 1,78 é adicionado ao Produto Interno Bruto (PIB).