Eleições 2020

Por que proteger o eleitor da pandemia deve ser a primeira preocupação dos candidatos?

Urge ao eleitor ficar atento a detalhes que, por mínimo que possam parecer, demonstrarão o quanto aqueles candidatos insensíveis buscarão o voto a todo custo

Por William Robson

No último boletim sobre o número de mortos por coronavírus no Rio Grande do Norte, divulgado no final de semana passada, estávamos nos aproximando das 2.400 pessoas. E, como sabemos, a pandemia já não causa mais temor, o que é sandice. O comportamento dos candidatos nesta campanha revelarão e estão revelando muito mais de sua postura do que a de seus seguidores.

Urge ficar atento a detalhes que, por mínimo que possam parecer, demonstrarão o quanto aqueles candidatos insensíveis buscarão o voto a todo custo, desprezando a memória das vítimas da Covid-19 e de outros que poderão surgir como resultado de suas condutas de campanha.

Na semana passada, o Governo do Estado apresentou o balanço sobre as ocupações de leitos-covid. Estamos avançando positivamente, é verdade. Os índices estão entre os melhores do país e a política adotada pela governadora Fátima Bezerra precisa ser enaltecida. A taxa de ocupação de leitos está em 38%, com 222 pessoas internadas em leitos críticos e clínicos em unidades de saúde públicas e privadas do estado. Na região Oeste, este nível de ocupação está em 48%, o mais alto do RN.

Movimentação deste domingo (27) em Macau (foto: redes sociais)

Muitos candidatos ignoraram a pandemia. É como se ela jamais existisse ou, na melhor das hipóteses, já não causa temor algum. Não fosse apenas a insensatez, em muitos locais do Estado, as campanhas se transformaram em carnaval fora de época, demonstrando bem de que maneira tais candidatos coniventes “cuidarão” do seu povo.

Jornais começaram a semana destacando o absurdo. Em Macau, um dos candidatos promoveu carreata que levou às ruas diversos eleitores sem que fossem obedecidas quaisquer medidas de isolamento social.

Aglomerações em Nova Cruz em meio aos paredões de som (Redes sociais)

O mesmo ocorreu em Nova Cruz, os apoiadores se colocavam em cima de paredões e diversos outros atrás dos veículos, sem máscaras e em clima de micareta. Isso revela a preocupação destes candidatos com seus eleitores.

Aglomerações devem ser evitadas, clichê “em tempos de pandemia”. Por isso, a internet deve servir como palanque virtual imprescindível dos candidatos. Mesmo assim, o candidato pode sair às ruas, apresentar suas propostas e apresentar o seu nome para o eleitorado. O que se exige é básico, incluindo o uso das máscaras e o distanciamento.

Em entrevista concedida ao jornal Tribuna do Norte, a juíza da propaganda eleitoral em Natal, Hadja Rayanne, defendeu  uso das redes sociais quanto à esta questão e que, certamente, terão maior potencial nestas eleições. “Certamente, nesta eleição, será bastante explorada pelos partidos e coligações, inclusive em razão da pandemia que pode tornar difícil a realização de atos presenciais”, afirmou.

No que viu nas redes sociais dos candidatos a prefeito de Mossoró, o primeiro dia foi atenção e cuidados. Todos eles foram às ruas respeitaram o uso das máscaras. Ou, pelo menos, passaram mais tempo com elas. Para outros, como no caso específico de Isolda Dantas, os candidatos a da coligação foram convidados a amarrar fitinhas em um mural fazendo sua prece e prestando homenagem aqueles e aquelas que foram vítimas de covid da cidade, que superaram os 200 mortos.

Para o professor Ronaldo Garcia, candidato do PSOL, “a expectativa é muito boa apesar da pandemia. As eleições serão bastante atípicas”, frisou. A atual prefeita Rosalba Ciarlini reafirmou que estas eleições terão características diferentes das anterior por conta destes desafios da saúde pública. “Nós estamos diante de uma campanha diferente, que não teremos as movimentações tradicionais como passeatas, comícios, mas continuamos fazendo esse trabalho de visitas, de conversas”, ressaltou.

“Vamos fazer uma campanha respeitando a dor e o medo das pessoas. Estamos aqui em distanciamento, com uso obrigatório e permanente de máscara, tomando cuidados. Vamos às ruas mas com os cuidados necessários”, reforçou a candidata Isolda Dantas.

O eleitor tem agora um ingrediente a mais para condicionar o seu voto: a real preocupação dos candidatos pela saúde dos seus conterrâneos. Enquanto alguns considerarem a corrida pelo eleitor como a lei da selva, teremos outro grupo realmente inclinado a te respeitar.