Por que mais mulheres podem surpreender nas eleições deste ano em Mossoró?
Em linhas gerais, o RN se destaca na quantidade de mulheres que conduzem o Executivo nas cidades, nível ainda baixo. No entanto, a situação tende a melhiorar sobretudo entre as candidatas à Prefeitura de Mossoró
Por William Robson
As eleições deste ano vão testar algumas regras importantes que podem por um lado fortalecer os partidos e por outro ampliar a densidade feminina na política. Como sabemos, a presença das mulheres é pequena e falta estímulo. Uma das novas regras tenta corrigir esta distorção. Vamos para a primeiro mudança destas eleições, antes de entrarmos exatamente no assunto que nos interessa.
Forma de valorizar os partidos e garantir representatividade com base em ideias específicas, fugindo do personalismo, as chapas de vereadores não contarão mais com a aglutinação de partidos diversos na formação de suas nominatas. Era a antiga coligação, união possível somente para cargos no Porder Executivo, como os de prefeitos.
Agora, os vereadores de um partido apenas digladiam entre si em busca de votos, estes agrupados na legenda. Entrará os candidatos que alcançarem a maior quantidade de votos na complexa matemática que vai considerar o coeficiente eleitoral e as sobras. Espera-se que partidos possam sair mais fortes e, por outro lado, os nanicos tendam ao desaparecimento.
No caso, em especial, da segunda mudança, os partidos deverão destinar 30% do fundo eleitoral para financiar candidatas. Ou seja, vão precisar incluir as mulheres na política porque estes partidos precisarão atender à cota. É verdade que o a atuação política das mulheres tem aumentado, porém, ainda está bem aquém quando comparado aos homens.
Para se ter uma ideia da situação, 88% dos atuais prefeitos no Brasil são homens, o que demonstra a discrepância entre gêneros no país, segundo levantamento do jornal Folha de S. Paulo. Se viemos para o Nordeste, a situação melhora um pouco: 16% das prefeituras são comandadas por mulheres. Mesmo assim, não dá para comemorar. Se compararmos o Nordeste com a região Sul,aí temos avanço considerável: as mulheres ocupam apenas 7% das prefeituras, em uma das regiões mais conservadoras do país.
Talvez este olhar conservador ou progressista possa explicar o fenômeno, embora careça de aprofundamento a respeito. No entanto, o Nordeste, com seu perfil inclinado à esquerda, não apenas deixa florescer a força feminina na política, como tem o Estado com melhor situação neste quesito. Sabe qual é? Exatamente: o Rio Grande do Norte, o único Estado brasileiro governado por mulher, Fátima Bezerra.
Em linhas gerais, o RN se destaca na quantidade de mulheres que conduzem o Executivo nas cidades. 28%, mesmo baixo, é o melhor índice do Brasil. Em segundo está o Estado de Roraima, com 27%, seguido por outros dois nordestinos: Alagoas (21%) e Maranhão (19%).
E o RN não se destaca somente no quesito prefeitas. Quando a representatividade feminina vai para o legislativo municipal, percebe-se que o Estado também é o primeiro no país. As mulheres estão em 21% das Câmaras; o seu xará do Sul aparece em segundo, com 16%.
São números desafiadores, que podem ser melhorados nas eleições deste ano. Aliás, este desafio precisa ser enfrentado, na medida em que os homens são a maior esmagadora das cadeiras.
Em Mossoró, especialmente, existem dez nomes que cogitam disputar a Prefeitura de Mossoró. As pré-candidaturas não significam que vá concretizar estas mulheres a efetivamente entrar na disputa. No entanto, até agora, da dezena de candidatos, seis são mulheres: Ângela Schneider (PRTB), Cláudia Regina (DEM), Irmã Ceição (PTB), Isolda Dantas (PT), Larissa Rosado (PSDB, que embora tenha se apresentado como pré-candidata inicialmente, tende a não sair candidata) e Rosalba Ciarlini (PP, a atual prefeita). Fazem jus à terra de Celina Guimarães, a primeira eleitora brasileira.
E nesta embolada, as mulheres também dominam as pesquisas de opinião na disputa ao Palácio da Resistência. E se o RN continuar na vocação de prestigiar o seu universo feminino, ao menos, três nomes são fortemente competitivos para conduzir a cidade, além da atual prefeita Rosalba Ciarlini: Isolda Dantas e Cláudia Regina.