Educação

Por que Fátima pressiona pela volta às aulas na pandemia?

O Governo quer entrar fevereiro com todos na sala de aula, um risco que os professores, via Sindicato dos Trabalhadores na Educação, não querem correr.

Por William Robson

O Rio Grande do Norte enfrenta um dilema. Deve abrir ou não as escolas ainda na pandemia? Sim, a vacina está à porta (pelo menos é o que esperamos), mas a Secretaria de Educação se apressa. Quer entrar fevereiro com todos na sala de aula, um risco que os professores, via Sindicato dos Trabalhadores na Educação, não querem correr.

A governadora Fátima Bezerra pediu ao presidente Bolsonaro, na quinta-feira (7), que os profissionais de educação fossem incluídos no grupo prioritário de vacinação. Seria a forma de oferecer certa segurança na retomada das aulas. Mas, todos sabem que a vacina não age instantaneamente. Após a vacinação, não se pode sair por aí abraçando todo mundo. O que se percebe é que há prioridade do Governo para que as escolas sejam reabertas.

O Sinte tem outro olhar. Concorda que os professores devem ser vacinados. Porém, todos os atores envolvidos também precisam estar. Ou seja, funcionários e alunos devem ser imunizados. O sindicato está pronto para o embate e deve promover o que está chamando de  “paralisações pela vida” caso o Governo finque o pé em iniciar o ano letivo, mesmo que forma híbrida, antes da vacinação.

A expectativa em torno da vacinação, sem dia ou hora definida para começar (ou com o Dia D e a Hora H em forma de deboche) pode atropelar tudo o que o Governo do Estado fez no período mais crítico da pandemia, quando exemplarmente, conduziu a situação controlando os leitos de UTIs e minimizando as mortes.  É verdade que a vacina está mais perto do que nunca, porém, nada mudou desde que a Covid se instalou como vírus aterrorizante no mundo. O Sinte tem razão de exigir sensatez de Fátima neste momento.

O professor Getúlio Marques, secretário de Educação, explica que o procedimento de retomada seria através da modalidade híbrida, em que parte dos alunos teria aulas presenciais e outra parte remota, em um constante revezamento.  As escolas públicas teriam estrutura para isso? O Sinte sempre questionou esta sugestão quando posta em prática.

O governador do Ceará, Camilo Santana, por sua vez, defende que somente a retomada das aulas poderia minimizar os impactos da desigualdade social ampliada na pandemia. “Atravessamos um momento desafiador. Precisamos repensar novos caminhos no país, através da educação”, afirmou o governador, em argumento que tem sido adotado por outros governantes diante da precarização das aulas digitais para muitos estudantes da região.

Escolas privadas em Mossoró querem retomar as aulas, porém passam para os pais a responsabilidade de decidir se preferem manter seus filhos no modo presencial ou remoto. Pelo atual calendário estipulado para a vacina, os profissionais da educação estão arrolados no quarto grupo a ser imunizado. “Isso seria em abril. As aulas do RN estão previstas para iniciar em fevereiro. Não dá para esperar”, enfatizou. Já suportamos até aqui e atravessamos os piores momentos. Vamos morrer na praia?