Por que Fátima exonerou o corregedor da PM que elogiou operação truculenta no IFRN?
O coronel Edmundo Clodoaldo da Silva Júnior integraria a comissão que analisaria o caso dos policiais militares que agiram com truculência contra alunos do IFRN no Dia do Estudante. O que aocnteceu?
Por William Robson
Assim foi publicado no Diário Oficial do Estado nesta sexta-feira (14): “A Governadora RESOLVE exonerar, a pedido, o Coronel PM Edmundo Clodoaldo do cargo de provimento em comissão de Corregedor Auxiliar de Disciplina da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar (CADPM-CBM) da Corregedoria Geral da Secretaria Estado da Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed)”.
O coronel Edmundo Clodoaldo da Silva Júnior integraria a comissão que analisaria e julgaria o caso dos policiais militares que agiram com truculência contra alunos do IFRN no Dia do Estudante. Ao tomar conhecimento do episódio, a governadora Fátima Bezerra afastou os policiais envolvidos.
No entanto, afastar os policiais não foi o bastante e soa como as notas de repúdio que, a rigor, não resultam em nada. Atitude mais incisiva era necessária, caso contrário poderia implicar a governadora em episódio de agressão que, como sabemos, Fátima não coaduna.
O corregedor exonerado expôs pensamento contrário ao da governadora. Em suas redes sociais, se solidarizou com os PMs e afirmou que os militares “usaram a força progressiva, o armamento certo (spray de pimenta) e que foram desafiados e agiram de forma correta”. Os vídeos estão disponíveis para quem quiser ver se houve ou não desproporcionalidade no confronto com estudantes, entre eles, de 16 anos.
A atitude de coronel Clodoaldo é mais que manifestação corporativista. Destaca que o Governo necessita da missão de aproximar a polícia do povo, com comandantes e corregedores mais humanos, capazes de discernir situações em que os potiguares precisam ser efetivamente protegidos e não atacados.
Além disso, o site Saiba Mais destacou que o coronel é o o mesmo envolvido numa polêmica em 2019 sobre a apreensão de motocicletas no interior do Estado, quando era comandante do policiamento rodoviário estadual. Na época, o Governo enviou projeto para a Assembleia Legislativa estendendo o prazo para condutores regularizassem os veículos, já que muitos dependiam das motos para trabalhar.
Como publicado no Diário Oficial, a demissão do coronel nada tem a ver com o ocorrido no IFRN. Silva Júnior foi exonerado do cargo porque será pré-candidato a vereador de Natal e, de acordo com a legislação eleitoral, teria até esta sexta-feirra, 14 de agosto, para deixar o cargo público em comissão sob pena de ser impedido de disputar as eleições municipais.
A coincidência em apoiar a truculência da PM fez com que muitos fizessem a conexão entre a saída com a ação da PM no Instituto. Blogs de extrema-direita tentaram atrelar a demissão à solidariedade do coronel Silva Júnior aos colegas acusados de agressão na intenção de imputar alguma culpa na governadora Fátima Bezerra. Na verdade, o comentário do coronel já colocaria o julgamento dos PMs sob suspeição e mais ainda, deixaria os estudantes do IFRN, no livre exercício de manifestação, ainda mais vulneráveis ao corporativismo policial.