Educação na pandemia

Por que as atividades remotas dos professores incomodam tanto?

Ser professor na era Bolsonaro é enfrentar todo tipo de injustiça.  E, diante da pandemia, o bolsonarismo no RN se manifesta, tratando os educadores como inimigos. Os professores reagem

Por William Robson

Ser professor na era Bolsonaro é enfrentar todo tipo de injustiça.  E, diante da pandemia, o bolsonarismo no RN se manifesta, tratando os educadores como inimigos, como aqueles que não querem trabalhar. Eles resistem. Todos sabem que, em meio à pandemia, a rotina de labor dos professores praticamente triplicou.  Tiveram que se reiventar, aprender novas técnicas, softwares, investir em equipamentos e estar à disposição do aluno praticamente o dia todo. Sejam aulas síncronas ou assíncronas, os nomes bonitos se traduzem em em cansaço e estresse para esta categoria.

Tomba Farias, o deputado estadual que afirmou que os professores potiguares estavam de férias há um ano e nove meses, é a representação do espírito de porco bolsonarista  que pisa em nossa terra. Ataca estes profissionais, porque qualquer agente do conhecimento, do cientificismo e da razão os perturba. Tratá-los como vagabundos é sinal de que vive em ambiente paralelo onde convive seus parceiros de manada.

O deputado, como os bolsonaristas, acreditam que os professores são privilegiados. Sem pesar a Covid-19, quer colocar estes profissionais em risco, seus alunos e toda a comunidade escolar. Os professores tomaram a primeira dose da vacina. Aguardam a segunda que determina a completude da imunização. No entanto, há pressão para que os professores cortem o sinal e entrem o quanto antes na sala de aula física. Na virtual, já estão há tempos.

A Justiça determinou o retorno da aulas no dia 19. O Judiciário tomou a decisão de forma retoma, ou seja, os juízes também não voltaram à atividade no fórum. Como nos olhos dos outros é refresco, os professores foram forçados a cumprir a decisão, com a vacinação incompleta e escolas despreparadas no aspecto dos protocolos de biossegurança.

Em entrevista ao Foro de Moscow, o coordenador-geral do Sinte, Rômulo Arnaud, explicou que muitas escolas sequer têm janelas para circulação de ar. Em uma delas, foi preciso fazer um buraco. Por conta deste quadro, os professores evitam voltar às aulas presenciais.

A maior razão, claro, é a segurança dos docentes. Para isso, o caso foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF) a fim de evitar o retorno com nova data prevista, a próxima segunda-feira (26). “Não podemos voltar quando estamos apenas 50% imunizados”, disse Rômulo.  Evidente que a pressão da Justiça e também do Governo do Estado tem a ver com o arrefecimento da pandemia, dos casos e das mortes no RN em decorrência da Covid. Porém, o momento não é de baixar a guarda. E o Sinte tem observado até mesmo o que o Comitê Científico do Estado recomenda: a manutenção das aulas remotas até o retorno gradual e seguro das escolas.

Muitas atividades necessitam da atual presencial. É o caso do gari e do policial, por exemplo. A tecnologia permite que os professores possam exercer, de maneira extraordinária, seu trabalho, mesmo com as dificuldades que o envolvem e que atingem os alunos também. Não é suficiente. Seria bom a volta das aulas presenciais, já que a estrutura da escola e a convivência escolar também são pedagógicas. Mas, deve ser um retorno sensato, seguro para toda a comunidade edeucacional, e não motivado por  preconceito de quem acredita que estes profissionais estão curtindo a vida com sombra e água fresca