Por que a economia do RN, afetada pela pandemia, não será recuperada em 2021?
Embora a perspectiva do ano seguinte seja de crescimento, o índice não será suficiente para cobrir as perdas provocadas pelo acúmulo dos episódios anteriores e aqueles provocados pela pandemia de Covid-19, segundo estudos do Santander
Antes da pandemia, a governadora Fátima Bezerra já tinha um abacaxi para descascar por conta da herança maldita que recebeu de seus antecessores. Estava descascando… O abacaxi era o acúmulo de praticamente quatro folhas de pagamento, entre salários e décimo-terceiro, contas em colapso e R$ 2,6 bilhões em débitos.
Nada está tão ruim que não possa piorar. Quando montava cronograma para pagamentos dos salários em atraso, precisou enfrentar uma greve na Educação e a erosão mensal no orçamento provocada pela previdência estadual, cuja reforma estava em discussão.
Tudo parou com a pandemia em 2020, ano perdido para todos nós, como sabemos. Para o Governo do Estado será mais que perdido, porque as dívidas se acumulam e a tendência de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) potiguar é de retração forte, a ponto de o Estado não conseguir compensar em 2021. Embora a perspectiva do ano seguinte seja de crescimento, o índice não será suficiente para cobrir as perdas provocadas pelo acúmulo dos episódios anteriores e aqueles provocados pela pandemia de Covid-19.
Quem atesta isso é um estudo divulgado pelo banco Santander. O documento mostra que mesmo com a retração econômica, o RN está entre os Estados que menos sofrerão. As projeções apontam que as maiores quedas serão nos estados mais atingidos pela pandemia, como Amazonas, com previsão de -9,8%, São Paulo, (-8,5%) e Rio de Janeiro (-7,9%). Embora o RN esteja em situação de pré-colapso, ou seja, a iminência do colapso sempre é remediada de última hora, está longe de equiparar-se e estes Estados.
O levantamento foi coordenado pelos economistas Lucas Nobrega Augusto e Noélly de Fátima, que, no plano geral, demonstram estimativas de uma queda de 6,4% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Neste caso, a economia, voltando a estar operacional em setembro, há possível recuperação das perdas apenas em 2021.
O caso do RN, isolamente, não se aplica em dois fatores. O primeiro, que a retração deverá ser menor, de —3,82%, metade do índice nacional. Porém, nem o ano que vem será capaz de tirar o Estado do atoleiro. As projeções trabalham com um crescimento otimista de 3,06% em 2021, insuficientes para empatar com as perdas deste ano economicamente desperdiçado.
Comparar com Estados pode nos oferecer certo alento. Os Estados com maior participação da indústria de transformação no PIB e menor peso da administração pública terão as maiores quedas, diz o estudo. É o caso da Bahia, Ceará e Pernambuco. O Ceará, nosso vizinho, por exemplo, está em pior situação na região. Deve enfrentar perdas de -7,56% em 2020 e crescimento de 5,27% em 2021. Realmente, a situação não está fácil para ninguém.