Quem matou Gabriel?

Policiais antifascismo passam a acompanhar investigações sobre a morte de Gabriel

Agentes unem a parlamentares e outros policiais potiguares. O jovem, que morava no bairro Guarapes, em Natal, foi morto no trajeto entre a sua casa e a da namorada, em Parnamirim-RN, há duas semanas

A morte do jovem Giovanne Gabriel de Souza Gomes, 18, em Natal não ficará impune. Ao menos, se depender dos Policiais Antifascismo no Rio Grande do Norte, que decidiram acompanhar de perto toda a investigação, unindo-se  a parlamentares e policiais potiguares. O jovem, que morava no bairro Guarapes, em Natal, foi morto no trajeto entre a sua casa e a da namorada, em Parnamirim-RN.

Segundo os policiais antifascismo, a morte de Gabriel tem as características de tantas outras mortes de jovens pobres e negros da periferia. Uma nota enviada pelo movimento mostra que “o tratamento atribuído às pessoas que vivem nas periferias, principalmente as de cor preta, é de preconceito visível e as abordagens violentas se sucedem, sem que para isso haja uma política eficaz que venha amenizar tamanha hediondez sobre aqueles colocados na base da pirâmide social”.

O policial Pedro Chê, coordenador do Movimento no RN, já fez este tipo de alerta em entrevista à Agência Moscow, quando destacou entre outros temas, a reação ao fascismo no RN e o papel dos policiais pela democracia. Para Chê, uma referência ao Che Guevara, as mortes na periferia que envolvem a maioria de etnia preta no Rio Grande do Norte devem ser motivo de preocupação e debate por toda a sociedade.

“A violência deve ser combatida. Ser indiferente frente às injustiças não é ser isento, e sim omisso. Muito sangue pobre, preto, jovem já foi derramado e há muito tempo já deveria ter sido dado um basta”, diz  Pedro Chê.

Para o policial, é preciso que a população, nos fóruns adequados, crie mecanismos de conscientização e defesa antes que esses eventos lastimáveis ocorram.

Gabriel fazia o trajeto de bicicleta em cerca de uma hora, mas sumiu antes de chegar ao destino. Sua namorada ligou preocupada para a mãe dele. Desde então, o jovem não foi mais visto.

O jovem foi encontrado morto no domingo, 14 de Junho, após nove dias de seu súbito desaparecimento, em São José de Mipibu-RN. O assassinato de Gabriel chocou familiares e amigos, e o caso logo ganhou repercussão nacional. O jovem foi enterrado na  terça-feira (16), em Macaíba, Grande Natal.

Segundo o G1, não houve velório por causa da pandemia da Covid-19, mas o carro funerário com o corpo de Gabriel percorreu o bairro em que ele cresceu e morava, para que os amigos pudessem se despedir. Moradores da comunidade acompanharam o veículo com um buzinaço em carros e motos, e outros seguiram a pé.