Jornalismo

Para Canindé, sua coluna “cortava fígado com bisturi”

Canindé sempre olhava o jornalismo quanto à sua evolução. “É um pouco de premonição que tenho, de ver as coisas um pouco a frente e lançarmos na vanguarda”, ressaltou

Por William Robson

A coluna “Penso, Logo…” era esperada pelos mossoroenses todos os dias. Era ali que a sociedade tomava conhecimento dos posicionamentos do jornalista Canindé Queiroz sobre os principais acontecimentos. E ele não tinha meias verdades, nem meias palavras. Atirava sem dó e também elogiava na mesma proporção. “Às vezes, é preciso cortar fígado com o bisturi para algumas pessoas entenderem a realidade. E a coluna faz isso”, disse. Para isso, recorria, em algumas situações, a termos considerados chulos até, mas jamais admitia que alguém considerasse sua coluna “pornográfica”, como sugeriam os mais moralistas da época.

“Pornográfica não é. Em absoluto. Pornografia, no meu entender, é miséria, doença, criança passando fome, abandonadas na rua… Isso, sim, é uma imoralidade”, afirmou à GAZETA, em 2002. “Dizer palavrões, digo sim, em um sentido mais dialético, para que as pessoas possam compreender determinadas situações”.

Canindé sempre olhava o jornalismo quanto à sua evolução. “É um pouco de premonição que tenho, de ver as coisas um pouco a frente e lançarmos na vanguarda”, ressaltou. Mas, também mostrava preocupação com o futuro do próprio jornal.

“A GAZETA não tem sucessores hereditários. Não tenho nenhum filho trabalhando aqui. O futuro da GAZETA está nas mãos de vocês. Não sou eterno ou mais tarde irei passar o bastão de comando, e irá para as mãos desta equipe que tão bravamente gerencia a GAZETA DO OESTE”, afirmou, lembrando da equipe com quem trabalhou ao longo de sua vida no jornalismo. “Emery Costa, Nilo Santos, Phabiano Santos, Kléber Barros, Amâncio Honorato, Pedro Carlos, César Santos, Carlos Santos, William Robson, Gutemberg Moura e vários outros, os editores foram de fundamental importância para alavancagem e modernização do jornal”.