Os votos esfarelados na esquerda e no bolsonarismo
Questões ideológicas não devem ditar fortemente a preferência do eleitorado mossoroense. As últimas pesquisas mostraram que grupos nacionalmente fortes terão seus votos esfarelados na cidade
Por William Robson – Agora RN
Mossoró começa a olhar com maior atenção para as eleições deste ano, após um mês de festividades juninas. Os nomes dos pré-candidatos à Prefeitura ficam mais claros, mas, como vão conseguir os votos, ainda não. Questões ideológicas não devem ditar fortemente a preferência do eleitorado mossoroense. As últimas pesquisas mostraram que grupos nacionalmente fortes terão seus votos esfarelados na cidade.
A novidade da semana é o lançamento de uma nova pré-candidatura. A Unidade Popular pelo Socialismo (UP), agremiação de esquerda mais radical, definiu que terá candidatura própria. Nasce diante da insatisfação de integrantes da ala progressista na aliança estabelecida entre o PT e o PSDB. “Estamos nos apresentando em um cenário em que os trabalhadores e trabalhadoras, que são a imensa maioria dos eleitores em Mossoró, estavam sem representação, sem uma candidatura realmente advinda das camadas populares”, afirmou o pré-candidato Víctor Hugo Sousa.
Ou seja, o UP espera abocanhar parte dos votos da esquerda descontente com o acordo em torno da pré-candidatura do presidente da Câmara, Lawrence Amorim (PSDB), nome que se aliou ao PT contra o prefeito Allyson Bezerra (União Brasil). Há comentários positivos sobre esta nova alternativa mais esquerda dentro do campo progressista. Porém, não será suficiente para unificar os votos.
Nem mesmo o PT conseguirá tal façanha. A citada coalização em torno de Lawrence já divide os votos do campo progressista. No entanto, parcela importante de eleitores mais intrinsecamente ligados à deputada estadual Isolda Dantas e à governadora Fátima Bezerra tenderão a acompanha-la sem maiores criticidades. Assim, além do UP e de Lawrence, a maior parcela dos votos do campo da esquerda recairá também sobre o atual prefeito.
O mesmo ocorre no nicho bolsonarista. Genivan Vale (PL), o pré-candidato do grupo, aparece como vice-lanterna no último levantamento da Exatus. Não consegue concentrar o voto dos eleitores do ex-presidente em seu entorno. O senador licenciado Rogério Marinho confirmou a este jornal que convidará Jair Bolsonaro para participar da campanha eleitoral no RN, certamente passando por Mossoró. É uma tentativa de unificação dos eleitores que também estão divididos. Tarefa árdua.
Isso porque os votos de parte dos bolsonaristas estão entre o Lawrence (que concentra algum capital eleitoral advindo destes eleitores) e outra parte que prefere o prefeito Allyson Bezerra (que, assim como eleitores do campo progressista, concentra a maior parte dos votos da Direita).
Ou seja, os representantes da esquerda (UP e Lawrence) e do bolsonarismo (Genivan Vale) têm como principal desafio unificar seus votos diluídos. Este cenário demonstra que o discurso da polarização a nível nacional terá baixíssima repercussão nas eleições mossoroenses.
Os eleitores de Lula e Bolsonaro na cidade não caminharão ao lado das candidaturas propostas ou alianças definidas goela abaixo por sua lideranças. A última pesquisa da Exatus (RN-04261/2024) deixou isso bem claro, quando Allyson Bezerra apareceu com 73,38% das intenções de voto. Por outro lado, os nomes baseados nestas correntes ideológicas estavam bem aquém: Genivan Vale, com 1,75% e Lawrence, com 1,63%.