Declaração

Os relatos de sofrimento de Allyson Bezerra

Prefeito eleito abriu o coração sobre temas que passaram do religioso ao político e revelações da campanha até então não escancaradas. E detalhou o que ele considerou como “dias de sofrimento”

Por William Robson

Um discurso de mais de meia hora no culto de agradecimento por sua eleição logo após o desembarque de Brasília nesta quinta-feira (10), à noite. O prefeito eleito Allyson Bezerra abriu o seu coração em evento realizado no Alto de São Manoel, seu principal reduto eleitoral. E abrir o coração significa dizer que ele tratou  sobre temas que passaram do religioso ao político e revelações até então não escancaradas. Detalhou o que ele considerou como “dias de sofrimento”.

Allyson atribui a sua vitória à uma força externa, divina, capaz de agir enquanto já se encontrava esgotado em forças físicas e recursos financeiros. “Se Deus olhar e dizer que será o vencedor, este será o vencedor. E para isso, não precisa usar as mesmas armas convencionais. Para vencer na política, se Deus iluminar, use as armas que ele der”, disse, para uma platéia de evangélicos.

Foi assim que começou a sua confissão. “Eu sofri muito estes últimos dias…”, afirmou. O prefeito eleito relatou que seu sofrimento teve início ainda antes da campannha. Noites mal dormidas movidas por reflexões se deveria ou não entrar de cabeça neste projeto de candidatura. E sua inquietação se atrelava à ruptura de mudar a sua própria situação, já que para ele, a vida de deputado é boa. “Já disse isso na Assembleia. É muito bom ser deputado, muito cômodo. Tem privilégios e não estou dizendo de questões financeiras. Falo de uma série de coisas que o nosso povo mais simples não tem. E o deputado tem, o vereador tem e o prefeito tem. O prestígio e a autoridade… Diante desta situação, eu ficava pensando: para quê eu vou entrar nisso?”, explicou.

O maior dos temores de Allyson era enfrentar o sistema, a estrutura arraigada pela prefeita atual Rosalba Ciarlini e seu capital político até então considerado sólido. “Em 70 anos, quem decidiu enfrentar esta estrutura não venceu”, disse, emocionado e sob aplausos dos presentes. Allyson conta que foi motivado por um grupo de pessoas, ao mesmo tempo em que era dissuadido por outro, aumentando ainda mais a sua indecisão. O objetivo era que sua candidatura amadurecesse a ponto de colocar seu nome na disputa somente em 2024.

“Foi difícil, mas decidi entrar. Orei muito a Deus e ele me disse que eu iria vencer a campanha”, afirmou. “Quem esteve comigo em 2017 e 2018 em mais de 50 cidades do Estado que visitei, sabe que a situação era a mesma, de que iríamos vencer as eleições [naquele momento]”.

E para o programa eleitoral na TV, eu tinha apenas um minuto contra nove, sendo que sete, oito minutos eram dedicados negativamente a mim”

Em seu discurso, Allyson contou que entrou na disputa desacreditado por todos os analistas políticos; que a quantidade de candidatos dificultaria o processo e que a estrutura do rosalbismo era pesada demais para enfrentar, ainda mais sem dinheiro.  “Mas, a campanha começou. E para o programa eleitoral na TV, eu tinha apenas um minuto contra nove, sendo que sete, oito minutos eram dedicados negativamente a mim”, relembra. “E olhava e dizia: meu Deus, eu não fiz mal nenhum a este povo”.

Diante desta situação, Allyson decidiu que não iria revidar aos ataques. “Pode pegar os meus 32 programas eleitorais, nunca usei para falar de outra pessoa, senão do que tínhamos para oferecer ao povo de Mossoró”, ressaltou.

O prefeito eleito também falou sobre o processo eleitoral com base nas pesquisas. Na reta final, percebia que seu nome estava bem avaliado e bem colocado, ampliando os ataques que se voltavam contra ele. “Eu não tinha a estrutura para revidar, não tinha mídia, mas decidi fazer uma live”, comentou.

“Saía de casa estressado, entrava no carro perturbado, com  muita coisa negativa e preocupação. O material de campanha acabando e as pessoas cobrando. No carro, recebia uma informação de como estava o lugar em que eu iria visitar e quando eu chegava, via as pessoas e o problema desaparecia”, relata, acrescentando que caminhava de 17h às 22h sem cansar. “E minha equipe já esgotada…”, lembrou.

Sobre a escolha do vice Fernando das Padarias, afirmou ter sido algo “inacreditável”, mas não detalhou como se deu o processo. Sobre o secretariado, disse que alguns presentes no culto foram consultados, convidados. “Chamei para ser secretário e está confirmado, só não anunciei”, disse. “E tem gente aqui que vou chamar na próxima semana para ser secretário”.

Sempre atribuindo a Deus a sua vitória, afirmou que sua eleição é momento histórico, a ser lembrado nos próximos 50 anos. “Vereadores eleitos de Mossoró, nós vamos governar esta cidade. Momento realmente histórico”, concluiu em tom de euforia.