Os dois dramas diários do mossoroense
Sites não param de noticiar episódios que envolvem o falta generalizada no fornecimento de água e na instabilidade do funcionamento do Tarcísio Maia
Por William Robson
Pipocam todos os dias nos sites e principais blogs da cidade. Saulo Vale destac0u, por exemplo, em sua página, que moradores do Parque Universitário estão há 25 dias sem fornecimento de água. Cansados, realizaram um protesto às margens da BR-110 nesta quarta-feira (6). Muros foram pichados, cartazes levantados com dizeres como “não tem água e “aqui não tem água, não compre casa”.
Este ano tem sido um dos mais desafiadores para a Caern, a companhia que deveria garantir água para o mossoroense. No mês passado, pelo menos 17 bairros foram afetados. Noutros, a situação praticamente não se resolve, ocorrendo um inverso cruel: na constante ausência de água nas torneiras, a novidade é quando chega. É o caso dos bairros da zona leste como Alto da Pelonha, Costa e Silva, Rincão e conjunto Vingt Rosado.
Há dois dias, na terça-feira (5), uma pane no Poço P-31 afetou a Nova Mossoró, Distrito industrial, Estrada da Raíz (Loteamentos Jardins, Arizona, Isla Verde e Royal Ville Residence), Santa Delmira, Redenção e Conjunto Wilson Rosado. A previsão é que a situação se normalize nesta quinta (7).
A Câmara Municipal, há algumas semanas, convocou o presidente da Caern, Roberto Sérgio Linhares, para explicar o pandemônio. Ele esteve na cidade, simultaneamente à agenda da governadora Fátima Bezerra em setembro, e também participou de programas de rádio. Num deles, na 93 FM, teve um ataque de fúria e afirmou que “quem bater, vai levar”, referindo-se à saraivada de críticas dos mossoroenses sobre os serviços da autarquia. Os problemas não deixaram de existir em que pese o murro na mesa.
Da mesma forma, o mossorense precisa conviver com outro pesadelo. Persiste o drama do principal hospital público da região, o Tarcísio Maia. Os noticiários saltam na mesma intensidade dos da Caern. A questão envolve os constantes problemas com o tomógrafo da unidade e paralisações de servidores. No primeiro, o equipamento segue quebrado desde o dia 27 de outubro, sem previsão de conserto. Para atender à demanda, os exames são feitos em outras locais.
No início deste mês, o Governo do Estado precisou administrar dores de cabeça relacionados à paralisação de cirurgias ortopédicas, ocorridas no final de novembro, e o atraso no pagamento dos salários dos médicos anestesiologistas. Enquanto isso, lixo hospitalar se acumulava nas proximidades do Tarcísio Maia e do Hemocentro, que fica ao lado. A Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) admitiu problemas com a empresa que coleta o material e prometeu normalizar à situação.
Quanto ao tomógrafo, a previsão vem a médio prazo. O Governo afirmou que os “trâmites burocráticos foram concluídos para a aquisição de um novo tomógrafo para atendimento a usuários de Mossoró e região” e que o novo “equipamento deverá ser instalado no Hospital da Mulher, que também passará por uma adequação para sua instalação”. Enquanto isso, o quadro persiste.