O surgimento do “Olodum mossoroense”: a Fanfarra Independente
Grupo começou em meados de 1996 com dez pessoas, e chegou a mais de cem, que tocam percussão e música baiana
Imagem principal: Fanfarra, em foto recente de 2019, durante apresentação no 30 de Setembro
Por William Robson
A Bahia, hoje, é berço importante para a música no Brasil. Além de colocar no cenário nacional bandas e cantores os mais diversos. ainda originou um estilo próprio (com Influências cuspidas da África, não se pode esquecer). De todos os artistas hoje consagrados com o tal axé-music. o Olodum é considerado um dos precursores de uma tendência com ênfase na percussão. Depois, veio o Timbalada e aí é outra história…
O que Mossoró tem a ver com isso? Se alguém disser que a música exportada da Bahia não tem nenhuma força na cidade é prova de que não deu as caras por aqui nos últimos dez anos. Mas, a influência é maior que se pensa, apesar dos carnavais fora de época e da superlotação dos grupos afins que tocam para os mossoroenses escutarem. Existe a Fanfarra Independente de Mossoró, um grupo que a cada dia tem mais adeptos, executando aquilo que os jovens locais mais preferem.
A Fanfarra começou de forma tímida e no circuito alternativo de Mossoró. A ideia dos fundadores era de formar uma banda de música para ressuscitar as comemorações do dia 30 de setembro, já que perceberam que estavam sendo esquecidas.
Tudo aconteceu neste ano com algumas semanas antes da citada data. Segundo um dos Iniciantes da Fanfarra, Samuel Ciro, a ideia surgiu porque a diretoria do Colégio Diocesano Interveio no trabalho de bandas que alguns estudantes queriam montar na escola.
DEVIDAMENTE UNIFORMIZADOS
Mesmo assim, não foi motivo para esmorecerem. Convidaram amigos de outros colégios para fundarem um grupo que iniciou com pouco mais de dez componentes. O embrião se formou durante a realização dos Jogos Escolares do Rio Grande do Norte (JERN’s) em meados deste ano.
Como a ideia principal era o resgate do 30 de Setembro. não existia nenhuma pretensão dos seus integrantes em partir para novos Ideais. O interesse de outras pessoas é que Incentivou a continuidade. Seguindo, também, a mesma proposta diferente e inovadora: tocando músicas e batidas baianas. “Como no dia 30 comemora-se a Libertação dos Escravos, a Bahia tem tudo a ver com isso”, explica Samuel.
Existem, atualmente, 110 pessoas tocando na Fanfarra Independente de Mossoró. Todos se apresentam devidamente uniformizados. “E tem multo mais querendo entrar”, disse Samuel Ciro, que ainda admite que outras localidades estão querendo atentar para o trabalho do grupo, mas os custos são caros e não tem de onde tirar dinheiro. “Cidades do Interior estão chamando, estamos indo lá conversar e explicamos que precisamos de um ônibus, alimentação e hospedagem para o pessoal”, acrescenta o presidente do grupo, Rawlinson Bezerra.
Dar de comer a esse exército realmente não é fácil. Em contraponto, tem uma vantagem: não é cobrado cachê algum. “Primeiro queremos mostrar trabalho”, fala Samuel. “Num futuro próximo, quem sabe. A maior parte dos instrumentos não é nossa. Alguns são doados, outros emprestados e outros dos próprios membros. Precisamos de dinheiro para comprá-los para a banda”
COREOGRAFIAS
Quem escuta a Fanfarra percebe afinidade, apesar do pouco tempo de atuação. O repertório ainda é pequeno. Assim há melhor elaboração e exige entrosamento entre os integrantes. O grupo também toca forró e à música sessentista. Mas, os diretores da Fanfarra admitem que é o axé-music que chama mais a atenção da maioria.
A Fanfarra Independente de Mossoró, além de tocar, ainda Integra meninas que fazem coreografias. A banda ensaia duas vezes por semana na Associação Cultural e Desportiva Potiguar (ACDP), sempre às 20h. Os instrumentos usados são fuzileiros. pratos. caixa. repique, surdão. atabaque, corneta, piston. trombone, sax e lira.
Estudantes do Geo. Aída Ramalho. Dom Bosco, Pequeno Príncipe se preparem, porque há possibilidade da Fanfarra se apresentar em algum desses colégios ainda nesta semana ou durante a realização das respectivas feiras de ciências Faltam apenas alguns detalhes A Fanfarra está crescendo e se destacando. Não é só Carlinhos Brown e os baianos que entendem de percussão…