O serviçal da Casa Grande pós-moderna
Apenas com o direito de comer das migalhas e viver como subumano diante de uma elite reacionária, individualista e perversa
Percebi muitos falando que ficaram emocionados ao assistir ao filme “Que Horas Ela Volta”, mas, como efeito narcotizante ao pressionar o botão power, voltaram à sua vida de mediocridade, de serviçal da Casa Grande pós-moderna.
Apenas com o direito de comer das migalhas e viver como subumano diante de uma elite reacionária, individualista e perversa.
Não são todos que se reconhecem como trabalhadores e, num momento de coragem e de acreditar em si, chutam o pau da barraca e iniciam a partir daí um ciclo de liberdade e novas possibilidades.
O filme mostrou que tem gente assim.
Parece bonita e encorajadora a farsa daqueles que usam o Facebook para disseminar frases de efeito tipo “Saiam da zona de conforto”, “Foco, fé e esperança…”, mas no fundo é um acomodado que espera que o mundo resolva seus problemas.
Não tem ânimo suficiente de sair da cozinha, pq nao “sabe para onde ir e o que fazer depois”.
Achar que o horizonte só existe debaixo das barras da Casa Grande, que dita a música que todos devem dançar, acreditar que faz parte da família porque “veste a camisa da empresa”, mas que não usufrui do leite dos tempos das vacas gordas, só mostra uma coisa: você é um fraco.
E sai pra lá: isso é contagioso.