O que o prefeito Allyson Bezerra tem feito até agora?
O prefeito Allyson Bezerra tem estampado um estilo nos primeiros 12 dias de gestão à frente da Prefeitura de Mossoró que inclui visita e forte uso das mídias sociais. Entenda todos os detalhes
Por William Robson
Não se pode negar. O prefeito Allyson Bezerra tem estampado um estilo diferente nos primeiros 12 dias de gestão à frente da Prefeitura de Mossoró. Em clima muito favorável, do ponto de vista de popularidade, sai do gabinete e faz visitas-surpresas na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), do Alto de São Manoel, como ocorrido no último dia 4, à Cobal, e praticamente não fecha o portão do Palácio da Resistência. As reuniões têm sido constantes, ora varando a madrugada, ora nos finais de semana.
Há grandes expectativas em torno da gestão de Allyson por parte dos eleitores que decidiram dar fim aos Rosados. Por sua vez, Allyson sabe que tudo lhe é novo, que não pode errar. Para tanto, aposta na disposição, no contato direto com o público, na mídia das redes sociais e no que ele gosta de afirmar, “na transparência”.
Não se pode exigir muito nos primeiros dias de um governante que assumiu a prefeitura sem saber exatamente da sua situação financeira e administrativa. Em maratona, seus secretários buscam informações sobre comissionados, terceirizados e dívidas. E já foram surpreendidos com 560 servidores comissionados, todos defenestrados em “JOM desrosalbizante” nos primeiros dias de mandato. Metade das vagas já foi substituída, gerando protestos de alguns em frente ao Palácio que exigiam a permanência de “competentes rosalbistas”.
A questão da mudança foi depositada na urna. Allyson já iniciou as alterações na equipe, na estrutura municipal e na composição dos comissionados. Em entrevista ao programa Telediálogos, no final de dezembro, o prefeito já alertava das mudanças que faria nos primeiros dias de gestão. Ninguém esperaria algo diferente.
Os secretários de Allyson, por outro lado, se surpreenderam com a forma pela qual Rosalba vinha conduzido a prefeitura ao longo de tanto tempo. Humberto Fernandes, consultor-jurídico do Município, twittou no dia 9 como encontrou: “Após uma semana da gestão Allyson Bezerra na Prefeitura de Mossoro, estamos em reunião de conjuntura. Equipe impactada com o nível de atraso da administração pública municipal. Estamos na década de 40 do século passado”.
Como não houve processo de transição – natural em transmissões de cargo -, o atual prefeito tomou conhecimento de algumas informações já com o bonde andando. A começar pelo passivo de dívidas de longo prazo que totalizaram no dia 30 de novembro o montante de R$ 371.705.809,93, como apontou o Blog do Barreto. São dívidas de longo prazo, como frisado, não a totalidade das dívidas do Município, facilmente cruzando a faixa do meio bilhão de reais. Além disso, 855 trabalhadoresde empresas terceirizadas deixaram de receber os salários de dezembro, segundo o Sindicato dos Trabalhadores Em Asseio, Conservação, Higienização e Limpeza Urbana do Estado do Rio Grande do Norte (Sindlimp). Os salários variam de ASG (R$ 1.086,59) ao motorista socorrista (R$ 2.078,32).
Os primeiros dias de Allyson apresentaram parte da situação encontrada na Prefeitura. O prefeito organizou uma entrevista coletiva no primeiro dia útil da nova gestão para informar sobre a supressão de dados dos computadores do Palácio da Resistência. A prefeita anterior Rosalba Ciarlini explicou que as informações poderiam ser acessadas mediante cadastramento prévio. De qualquer forma, a coletiva não apresentou novidades além de tal controvérsia. Não se esperaria muita coisa também em tão pouco tempo.
As visitas-surpresas, até agora realizadas, lembram vistorias. Allyson anota as demandas e tudo o que observa em uma caderneta, situações testemunhadas na UPA e na Cobal. Criticou o excesso de papel no equipamento de saúde e que se faz necessária informatização dos prontuários e atendimentos. Prometeu triplicar o número de consultórios na unidade em 15 dias, prazo que se encerra no dia 18. “Visitas como estas serão rotina na nossa gestão”, explicou o prefeito.
Na Cobal, Allyson apresentou o mesmo estilo. Além de cobrar projeto de reforma, determinou uma limpeza imediata do local, o que ocorreu no dia 11.
Como em campanha, Allyson não dispensa o uso das redes sociais. Pessoalmente, através de lives ou selfies, ou agradecendo presentes que chegam a todo momento (de roupas, quentinhas a açaí e tapioca…), visitando lojas do comércio, ou através da assessoria de comunicação, tudo é registrado e compartilhado. A atitude gera engajamento e propaga a ideia de um gestor mais próximo do povo do que foi Rosalba, pouco avesso a mídias do tipo, limitando-se ao gabinete e aos protocolares releases e postagens no site da Secom.
Os primeiros dias de Allyson trazem euforia e também ritmo frenético de apresentar resultados, com cobrança para que seus auxiliares se assemelhem na performance. Porém, ante a novidade que se descortina, tanto para ele quanto para todos os mossoroenses que o acompanham, não se sabe se este ritmo tende a ser estável. Até agora, mostra-se, surpreendentemente, dinâmico.