Eleições

O partido de destaque e o Z4 das eleições no RN

No RN, a declaração de Padilha se fundamenta. O PT está no Z4, dividindo a zona com o Podemos, PDT e PSB (este em situação mais dramática). Ao todo, foram 12 os partidos que elegeram prefeitos no RN

Por William Robson – Agora RN

As eleições no Rio Grande do Norte mostraram que os partidos de centro e de centro-direita se destacaram. Os quatro primeiros vão comandar nada menos que 70% dos potiguares. Isso atesta para um perfil do eleitor que repete o desempenho do pleito sob o contexto nacional. Há a polarização característica entre petistas e bolsonaristas e um contingente importante daqueles que buscam caminho alternativo. Não é à toa que PT e PL saíram muito chamuscados.

A repercussão negativa da votação, por exemplo, extrapolou as reflexões internas do PT a ponto de lavar roupa suja em público. Fogo amigo no parquinho. “O PT é o campeão nacional das eleições presidenciais, mas na minha avaliação não saiu ainda do Z4 [zona de rebaixamento] que entrou em 2016 nas eleições municipais”, disse o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha. A presidente nacional, Gleisi Hoffman, bateu de frente: “Ofender o partido, fazendo graça, e diminuir nosso esforço nacional não contribui para alterar essa correlação de forças”.

Na realidade, Padilha traz uma constatação relevante. Em nível nacional, o PT conquistou apenas uma capital, Fortaleza, e 252 prefeituras no país – melhorou frente a 2020, quando alcançou o fundo do poço, mas ficou em nono em número de prefeitos eleitos. Gleisi quis mostrar que o desempenho do partido não foi tão ruim assim. Em vão. Já há clima de tensão acerca do papel do partido diante das suas bases eleitorais e da nítida perda de conexão com uma sociedade que parece estar mais distante dos seus cânones.
No RN, a declaração de Padilha se fundamenta. O PT está no Z4, dividindo a zona com o Podemos, PDT e PSB (este em situação mais dramática). Ao todo, foram 12 os partidos que elegeram prefeitos no RN. Enquanto isso, no alto da tabela, o União Brasil se destaca ao comandar 28 prefeituras, 37,01% da população potiguar. Incluem neste universo, as cidades de Natal e Mossoró, as principais do Estado com as respectivas vitórias de Paulinho Freire e Allyson Bezerra.

No caso da capital, as pesquisas de institutos mais confiáveis, entre eles a Exatus, foram certeiros nos prognósticos. Na sondagem da Exatus, publicada por este jornal no sábado 26, apontava Paulinho Freire com 56,84% das intenções de votos válidos. A adversária Natália Bonavides (PT) aparecia com 43,16%. Na urna, Paulinho teve 55,34%, e Natália ficou com 44,66%. Contraria fortemente pesquisas díspares do início da semana que colocavam Natália em disputa acirrada, notadamente em liderança numérica. Como se viu, Paulinho venceu com ampla maioria sem qualquer momento de apreensão ou de disputa voto a voto, a exemplo do que foi visto em Fortaleza, na vitória de Evandro Leitão (PT) sobre André Fernandes (PL).

Por outro lado, o destaque do União Brasil neste pleito amplia as possibilidades do partido para 2026. Por enquanto, o que é possível atestar é a hegemonia da legenda nestas eleições. O MDB, do vice-governador Walter Alves, também se destaca na segunda colocação. Comandará um universo de 14,2% da população potiguar e pode garantir maior poder de barganha no projeto de sucessão da governadora Fátima Bezerra. O PSD vem logo atrás, com 21 prefeituras, reforçando os projetos futuros da senadora Zenaide Maia e do marido, o prefeito eleito de São Gonçalo do Amarante, Jaime Calado. Solidariedade e PP dividem a quarta colocação. As urnas demonstraram que o Centrão tomou seu lugar também no RN e conquistou a preferência dos eleitores. Panorama que vai gerar reflexões no alto e na parte baixa da tabela.