Eleições

O papel do PT nas eleições de Mossoró

Até aqui o papel do PT nas eleições tem sido de auto-anulação. O apoio a Lawrence é pouco demonstrado e surgiram até mesmo condicionantes após o anúncio oficial da aliança

Por William Robson – Agora RN

No dia 18 de junho, o PT decidiu que não teria candidato a prefeito de Mossoró. Com alta rejeição da deputada estadual Isolda Dantas, que também preside o partido, não haveria saída para uma candidatura da legenda com capacidade de evitar vexame nas eleições deste ano. O nome que surgiu no radar foi o do professor Josivan Barbosa, defenestrado rapidamente após decisão que partiu de acordo entre a governadora Fátima Bezerra e o presidente da Assembleia Legislativa, Ezequiel Ferreira (PSDB).

O acordo alterou a bússula do partido em Mossoró. O campo progressista precisou abrir mão de um nome para apoiar aquele que subiu no palanque do maior arquirrival do PT, o ex-presidente Jair Bolsonaro. Assim, Lawrence Amorim (PSDB) foi ungido como o candidato a ser apoiado pelos petistas. No entanto, mais de um mês após o turning point, não sabe-se ao certo em que estágio está este apoio ao novo aliado.

Lawrence surgiu com a ideia de que seria o nome capaz de unir as tendências de oposição com maiores chances de enfrentar o prefeito Allyson Bezerra. Isso não ocorreu até agora. Entre os nomes da oposição, o empresário Genivan Vale vem aparecendo em situação um pouco melhor, com amplas chances de angariar os apoios dos adversários do prefeito que ainda não decidiram para onde vão. O PT, após o anúncio do “apoio”, esqueceu Lawrence. Este por sua vez está tão isolado, a ponto de imprimir raras aparições públicas e até gravar um desmentido de rumores sobre a sua desistência. O PT, por sua vez, seguiu indiferente às suas vicissitudes.

A vereadora Marleide Cunha (PT) ainda ensaiou um apoio mais incisivo que logo se esvaiu. Nada foi além de uma entrevista ao jornalista Saulo Vale, na Rádio Rural de Mossoró, ao expor narrativa contorcionista que justificasse a aliança. Por outro lado, a deputada Isolda Dantas só tem olhos para a chapa proporcional, empenho exclusivo à campanha da gestora ambiental Plúvia Oliveira.

Desta forma, Lawrence segue com problemas que passam por estes apoios velados, nominata esfarelada a necessidade de se reinventar rapidamente. Em seu histórico político, nomes foram essenciais em suas campanhas, como do Dr. Bernardo e do antigo aliado, o prefeito Allyson Bezerra. Caminhar com as próprias pernas agora e com aliados tão evanescentes é um dos maiores desafios nesta campanha.

Enquanto isso, o PT se neutraliza. Nem apoia, nem apresenta nomes na majoritária. Não há sequer qualquer movimento de indicação a vice, algo curioso e inédito no contexto atual do partido, respaldado pelos governos federal e estadual. Não há, assim, a representação histórica do campo progressista, que abre caminho para jovens da Unidade Popular que chega com a pretensão de ser a voz dissonante em meio às candidaturas que caminham no espectro do centro-direita à extrema direita.

Até aqui o papel do PT nas eleições tem sido de auto-anulação. O apoio a Lawrence é pouco demonstrado e surgiram até mesmo condicionantes após o anúncio oficial da aliança: que o novo aliado se converta aos cânones do campo progressista caso almeje o parco capital eleitoral do agrupamento. Até agora, Lawrence não tem caído na investida, porque sabe que parte importante de seus eleitores é do campo diametralmente oposto.