Artigo

O meu amigo que venceu a Covid

Julierme Torres, companheiro de profissão de fé que hoje é servidor público dedicado da Caixa Econômica Federal, é um marcante parceiro, desde os tempos em que desenvolvíamos projetos de jornalismo seja na Gazeta do Oeste, seja no Jornal de Fato

Prefeitura – IPTU

Não tenho dúvidas de que uma das melhores sensações que tive este ano foi ver o amigo jornalista Julierme Torres cruzar o corredor de funcionários do hospital Wilson Rosado, sob aplausos e segurando um cartaz em que se lia “Venci a Covid”. Mais uma vitória deste colecionador de tantas. Julierme, companheiro de profissão de fé que hoje é servidor público dedicado da Caixa Econômica Federal, é um marcante parceiro, desde os tempos em que desenvolvíamos projetos de jornalismo seja na Gazeta do Oeste, seja no Jornal de Fato. Conviver com Julierme é um aprendizado divertido.

Através de grupos de amigos, fiquei sabendo que estava começando a sentir os efeitos preocupantes da Covid-19. Falta de ar, tosse, cansaço, aquela cena me preocupava, como certamente deixou todos os demais amigos, muitos em comum, apreensivos. Aí a palavra preocupação passou a fazer, mais uma vez, sentido para mim. Pré-ocupar, ser a primeira coisa a ocupar.

Julierme nos informou que começou a sentir os primeiros sintomas e, acertadamente, foi se consultar por volta do dia 10 deste mês. O médico determinou que ele não voltasse para casa, que fosse imediatamente internado. Estaria com mais da metade da capacidade pulmonar comprometida, cenário ideal para o coronavírus agir mais fortemente. Assim, ficou em observação.

No dia 13, precisou ser transferido para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Wilson Rosado. Os médicos relataram que, tecnicamente, os níveis de gasometria não estavam satisfatórios e que o monitoramento constante e adoção de certos medicamentos seriam necessários. Vale ressaltar que, no mesmo dia, ele enviou um vídeo em que aparecia muito ofegante, embora  disposto e, como jornalista-nato, nos surpreendendo com noticias sobre sua saúde, nos deixando a par da situação. E seguiu para a UTI.

Ninguém gosta de receber uma notícia desta envolvendo ninguém, ainda mais com seu amigo. Quando foi transferido, entrei em contato com a sua esposa, Sonelly, que nos tranquilizou. Até que, logo em seguida, consegui mandar mensagem para o celular dele, que prontamente me respondeu. Pensei: “Ufa, vai dar certo!”.

Julierme não estava intubado. No entanto, a repercussão começou a se espalhar pela cidade em tom de sensacionalismo promovido até por ex-colegas de profissão. Outros, foram sensíveis. Mas, naquele momento, a preocupação era com os estágios de evolução de seu tratamento, não com os caça-cliques de ocasião. Por dois dias, sua situação se manteve estável, até que começou a melhorar. Três dias depois, voltou para o quarto. Teve a seu favor, os fatores  como a idade, não ter comorbidades e não ser fumante. Tudo isso contribui. Ao sair da UTI, foi recepcionado pelo belíssimo ritual que todos os vencedores da Covid são submetidos quando deixam a unidade.

Hoje, Julierme está em casa, bem e feliz. Da sacada do prédio onde mora, assistiu emocionado, nesta sexta-feira (19), a receptividade de outros amigos que também acompanharam tudo com apreensão, atenção. otimismo e fé. Não segurou a emoção. Aliás, nós também não seguramos a emoção em ter a certeza que você está bem agora.

Outro amigo em comum, Esdras Marchezan, brincou. Disse a Julierme que iria levar de presente um pacote de bexigas, daquelas bem pequenas, que vinham como brindes em sacos de pipoca. Nunca vi alguém conseguir encher uma daquelas. É bom então Julierme treinar e encher todas as bolas para a grande festa de aniversário. Afinal, a vitória de Julierme sobre a Covid é a vitória de quem nasceu de novo.