Educação

O maior temor dos professores diante do ultimato de Fátima

Os docentes não tiveram saída. Foi uma jogada que garantiu o xeque-mate do Governo

Por William Robson

Basta uma rápida passagem nas redes sociais para ver a insatisfação. Os professores decidiram encerrar a greve no Estado após 36 dias. Voltam frustrados com o ultimato da governadora Fátima Bezerra, que anunciou que vai pagar o piso da categoria mesmo se mantivessem a paralisação.

Os professores não tiveram saída. Foi uma jogada que garantiu o xeque-mate do Governo. Os secretários de Planejamento e da Educação já afirmaram não haver condições de garantir a demanda irredutível dos professores, sob pena de colapso orçamentário. Então, por que os professores se apressaram para retornar as aulas na sexta-feira (14) sem algo de novo?

O Governo reconhece a existência de pouco mais de dois mil docentes abaixo da linha do piso salarial dos professores (R$ 4.420). Ou seja, a rigor, o Estado não cumpria o pagamento considerando tal contingente. Tão logo a governadora anunciou que no sábado (15), todos eles iriam receber a equiparação, a reação dos demais foi rápida. O Governo ressaltou que os reajustes seriam de valores variados, de acordo com a faixa salarial, de modo que nenhum professor ganhasse abaixo do piso. Além disso, ofereceu o pagamento – para esses educadores – do retroativo a janeiro.

Fátima, assim, garantiria o pagamento do piso e estaria tudo certo. No entanto, os professores que recebem além do piso aguardavam por um reajuste em seus vencimentos, ponto além da demanda do cumprimento mínimo estabelecido por lei.

Na última negociação negada pela categoria, o Governo disse que ofereceria um reajuste. A primeira parcela, de 7,21%, seria paga em maio; depois 3,61% em setembro; e 3,49% em novembro. Quanto ao retroativo, a proposta seguiria sendo pagar em oito parcelas em 2024. Assim, tiveram de voltar atrás.

Foi pegar ou largar. A assembleia desta quarta-feira (12) foi tensa e o resultado longe da unanimidade: 272 votos pelo fim  da greve, 181 pela manutenção e 10 abstenções. Os professores sabiam que puxar a corda levaria o debate para os tribunais. A judicialização seria o mais tortuoso caminho para os docentes diante da uma perspectiva ainda pior.