Legislativo

O insulto de Paulo Igo à Câmara

Um dos integrantes do Conselho de Ética protagonizou ataque grave aos seus pares na sessão desta terça-feira (7)

Por William Robson

A primeira reunião do Conselho de Ética e Decoro da Câmara de Mossoró aconteceu nesta quinta-feira (8). Presidida pelo vereador Marckuty da Maisa (Solidariedade), a comissão também é composta pelos vereadores Lucas das Malhas (MDB), Wiginis do Gás (Podemos), Marleide Cunha (PT) e Paulo Igo (Solidariedade). E foi exatamente um dos integrantes do agrupamento que protagonizou ataque grave aos seus pares na sessão desta terça-feira (7).

A primeira reunião da Comissão de Ética, ocorrida nesta quarta-feira (Foto: Edilberto Barros/CMM)

Durante a sessão, Paulo Igo corroborava com o discurso da vereadora Marleide Cunha sobre questões voltadas à saúde.  Começou a construir seu argumento, algo extremamente normal em reuniões do Legislativo, alardeando críticas à gestão municipal fazendo coro ao tema levantado. Até aí, tudo bem. São atitudes previsíveis da oposição. O que chamou a atenção é que a euforia do parlamentar o fez perder a mão com os colegas, sobretudo, os da situação.

“Eu espero que, no próximo ano, a população olhe quem são os vereadores comprados e aqueles que olham pelos seus direitos. São comprados. Comprados, sim”, atacou. Sua retórica buscou dividir a Câmara em dois grupos: o que ele faz parte, na oposição, que suposta e incondicionalmente olha pela população, ao contrário daquele da situação que é simplesmente “comprado” e, assim, estaria contra.

O insulto foi para todos, inclusive, para ele mesmo, que integrou a base de apoio do prefeito em passado recente. Ao acusar os parlamentares de “comprados” atingiu a seriedade da Câmara em sua totalidade e o seu papel. Afrontou a democracia que permite que haja discordâncias de pensamento e de visão de sociedade. Para Igo, se discordar, você é um “comprado”.

A reação foi imediata e partiu do líder da situação, Genilson Alves. “Quero lamentar a fala do vereador. É um termo muito pesado  para usar no Parlamento onde tem muitos pais de família. Aqui são pessoas que defendem uma gestão que está dando certo, que não está envolvida em corrupção. “Vereadores comprados” é uma expressão muito forte e, com todo respeito, preciso que  comissão de ética se manifeste. Percebe-se, claramente, um desespero, por parte de alguns vereadores de oposição. É um rancor levado para o lado pessoal”, rebateu.

Seria uma pauta séria a ser tratada e a Comissão de Ética, integrada por Igo, se reuniu no dia seguinte. Mas, o tema passou batido. Segundo o presidente Marckuty da Maisa, o grupo não foi acionado. A reunião desta  quarta-feira serviu tão somente para “apresentação dos membros e para busca de diretrizes de atuação do conselho”. Porém, o insulto ao Legislativo ainda ecoa fortemente no plenário.