Reta final da campanha

O impacto dos ataques de Jefferson na campanha do Bolsonaro

Bolsonaro entra na reta final na defensiva, enquanto precisa correr atrás dos votos dos indecisos mais moderados e totalmente insatisfeitos com ações truculentas patrocinadas por seu grupo

Por William Robson

A última semana da campanha começou com uma bomba. O presidente Bolsonaro não sabe como desarmá-la a seis dias das eleições. Um dos seus coordenadores, o que escalou o autodeclarado Padre Kelmon para fazer tabelinha no debate da Globo, buscou um martírio que gerasse uma comoção nacional e tudo o que gerou foi uma revolta que implode a campanha bolsonarista.

Jefferson atacou agentes federais a tiros de fuzil e granadas. Uma cena surreal. Antes, ofendeu a ministra Carmem Lúcia com palavrões e ameaças. Parece que a intenção foi premeditada e seus ataques esperavam uma reação policial, o que não aconteceu. Imagine Bob Jefferson morto na troca de tiros? Seria o mártir que o bolsonarismo elevaria ao céus na tentativa de salvar a reeleição do seu “mito”?

Tiro pela culatra. O impacto na campanha bolsonarista foi gigantesco, embora não se saiba a dimensão exata do prejuízo. No Twitter, a hashtag #bolsonaronuncamais foi a mais citada, segundo o monitoramento do pesquisador Felipe Pena. A missão urgente de Bolsonaro, diante do estrago, foi se desvencilhar do seu apoiador maior e jogá-lo ao mar. Até o ministro Fábio Faria tentou limpar a barra do seu chefe, alegando não existir fotos com Bolsonaro e Jefferson, logo desmentido por dezenas que imagens que pipocaram nas redes. Como consequência, até um suposto surto do filho Carlos Bolsonaro, que o levou a quebrar um corpo na vidraça do Palácio do Alvorada, foi destacado nas redes.

A filha de Jefferson, Cristina Brasil não está gostando da forma como o bolsonarismo está tratando o seu pai, que ofereceu a sua vida para salvar o agrupamento. Ameaça expor os crimes do Governo. Outros amigos do presidente tentam remeter o Jefferson dos tempos em que denunciou o chamado “mensalão”, forçando associá-lo, em vão, ao ex-presidente Lula.

“Pintou um clima, Brasil. Em Brasília o assunto é o seguinte, a filha de Roberto Jefferson, Cris,  ameaça publicar fatos bomba depois que Bolsonaro foi orientado a chamar o seu coordenador de campanha de BANDIDO e tentar se desvincular dele para diminuir o estrago na campanha”, disse o deputado federal Alexandre Frota.

Bolsonaro entra na reta final na defensiva, enquanto precisa correr atrás dos votos dos indecisos mais moderados e totalmente insatisfeitos com ações truculentas patrocinadas por seu grupo. A sua campanha está desnorteada. Lula segue na dianteira nas pesquisas e o desafio de Bolsonaro de virar se torna praticamente inviável. Jefferson e sua atitude de lobo solitário se tornou um problemão para ele na reta final.