O clima de terror que não acabou
Escolas tiveram de interromper as aulas. Ônibus escolares voltaram para a garagem. Havia o temor de novos ataques
Por William Robson
A terça-feira (14) amanheceu em clima de terrorismo no RN. 14 cidades, inclusive Mossoró, foram alvos de ataques de integrantes de facção criminosa que pressionava as autoridades contra maus tratos nos presídios. Pelo menos foi essa a reinvidicação que constava no comunicado do Sindicato do Crime que circulou pelas redes sociais.
“Vamos mostrar pros governantes do estado do RN que estamos unidos e preparados para lutar um pelos outros. Deixamos claro que não iremos admitir algum irmão, amigo ou companheiro tome atitude isolada e passar por cima da nossa determinação”, informava a nota. “O intuito e objetivo dessa união é buscar a melhoria pra todos os sistemas carcerários, e da respostas em cima de todas covardia e sofrimento que o crime vem passando todos esses anos”.
O Governo ficou sabendo antes de todo mundo que o RN seria atacado. O serviço de inteligência da PM conseguiu impedir que a ação fosse maior do que foi. Isso não quer dizer que o que ocorreu foi pouca coisa. Ficou claro na sociedade potiguar envolvida no clima de medo. Medo que ainda não acabou.
Sob alerta, Mossoró, uma das cidades atacadas, reagiu para se proteger. Autoridades tomaram providências. Escolas tiveram de interromper as aulas. Ônibus escolares voltaram para a garagem. Havia o temor de novos ataques. O prefeito Allyson Bezerra foi às redes sociais para relatar o que viu. “A partir do momento em que tomamos conhecimento, tomamos as primeiras providências convocando nossos responsáveis pelos serviços públicos, suspendemos as aulas para resguardar a comunidade escolar, suspendemos o transporte coletivo por estar sujeito a ataques e de outras atividades que trabalharam com maquinários e outros veículos. Tudo isso para resguardar o patrimônio público e, principalmente a vida de nossos servidores”, disse.
Neste clima de medo, universidades fecharam. A Uern disse, em nota, que a “medida tem como objetivo resguardar a segurança da comunidade, especialmente de todos e todas que dependem do transporte público de passageiros”. A Ufersa também. A reitora Ludimilla Oliveira suspendeu as atividades acadêmicas e administrativas. Nesta quarta-feira (15) a probabilidade de continuarem fechadas é alta, medida acompanhada pelas universidades privadas.
A governadora Fátima Bezerra estava em Brasília. Tão logo tomou conhecimento dos episódios, se reuniu com o ministro da Justiça, Flávio Dino, e com o secretário-executivo Ricardo Capelli. “Eu quero declarar todo o nosso repúdio aos inaceitáveis episódios de violência e declarar que todo trabalho está sendo feito para que os criminosos sejam presos”, afirmou. Dino, por sua vez, disse que medidas seriam adotadas ainda nesta terça.
Desde cedo, o Ministério da Justiça está em contato com o governo do Rio Grande do Norte, a fim de verificar o apoio possível, à vista da crise local na Segurança Pública. Conversei com a governadora Fátima e ainda hoje medidas serão adotadas.
— Flávio Dino 🇧🇷 (@FlavioDino) March 14, 2023
Enquanto isso, todo serviço público está paralisado neste clima de terror que ainda persiste. As autoridades agiram, mas não sabem até quando o sinal de alerta estará acionado.
A Prefeitura de Mossoró emitiu nova nota no início da noite desta terça. Informa a “suspensão das atividades nas unidades da Rede Municipal de Ensino, unidades da Assistência Social, atendimentos nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), transporte coletivo e serviços de limpeza urbana em geral nesta quarta-feira (15). Seguirão em funcionamento os serviços administrativos e de atendimento ao público nas secretarias e demais serviços essenciais do município”.