Análise

O alto desgaste do PT de Mossoró

On jun 11, 2024

Por William Robson – Agora RN

Já se notava claramente. Porém, a pesquisa Exatus, divulgada na sexta-feira 31 pelo jornal Agora RN garantiu a certeza. Há um forte desgaste do PT em Mossoró. Afora uma observação colocada à parte da sociedade mossoroense quanto ao desempenho do Governo Lula, o partido enfrenta uma alta crise interna, que se espraia para seus projetos eleitorais.

O PT de Mossoró já deixou bem claro que não terá candidatura própria. Uma decisão surpreendente, considerando o melhor momento vivido pelo partido, com os amparos que alcançam os governos federal e estadual. A presidente do diretório local, a deputada estadual Isolda Dantas, quando abordada sobre este tema, escamoteia e aciona o standby. No entanto, os sinais são dados de outras maneiras.

No Pingo da Mei Dia, a imagem da deputada ao lado da governadora Fátima Bezerra e do presidente da Câmara, Lawrence Amorim, imprimiu uma confirmação semiótica. Os três de mãos dadas, no estilo “um por todos e todos por um”. O PT esquiava-se da candidatura e anuncia uma aliança com o agora adversário do prefeito Allyson Bezerra.

Ao estabelecer uma conexão da imagem do trio com a pesquisa Exatus têm-se uma dimensão do capital eleitoral que se desenha. Pela sondagem, Isolda é a mais rejeitada entre os sete candidatos pesquisados. Tem 27,75% de rejeição, aqueles eleitores que não votariam de jeito nenhum. A governadora Fátima Bezerra, por sua vez, tem alta desaprovação: 58,88% reprovam a gestão da petista, contra 35,38% que aprovam.

Este peso recairá nas costas de Lawrence Amorim, que segura a lanterna na pesquisa Exatus, com 1,63% das intenções de voto. O desafio que se mostra, a partir da composição desta aliança é como encontrar uma harmonia no perfil de eleitores tão díspares, ou seja, de visão ideológica discrepante.

A ausência direta de Isolda Dantas da disputa (ela angariou 4,75% das intenções na Exatus) não significa uma transferência automática de votos para Lawrence, como se imagina. Avaliação do jornalista Carlos Santos aponta que a tendência dos votos pode passar pela essência real da aliança, como por exemplo, a indicação de um vice. “Sem um nome que identifique nitidamente o apoio, os prováveis votos delas tendem a se dispersar bastante”, analisou.

Lawrence se entrega ao petismo desgastado na intenção de cativar os votos desta bolha (e, com eles, a rejeição) e afirma estar aberto a outras alianças, inclusive com a arquirrival do PT, a ex-prefeita Rosalba Ciarlini. É um balaio inusitado. Mas, entende-se a razão. Pela Exatus, a oposição somada, sem dispersar um voto sequer, alcança 19,38%. O prefeito segue favorito, com 73,38%.