Eleições 2022

Ninguém entende mais estas alianças no RN

Se você for utilizar a lógica ou mesmo a coerência ideológica para avaliar as alianças partidárias no RN, envolvendo Fábio Dantas ou Fátima Bezerra, certamente sua mente dará um bug

Por William Robson

Se você for utilizar a lógica ou mesmo a coerência ideológica para avaliar as alianças partidárias no RN, certamente sua mente dará um bug. Todas as agressões de outrora ou misturas improváveis caíram por terra. E no RN, adversários antagônicos estão juntos. E observando o cenário nacional, são opositores. Ou vice-versa.

Esta semana, o partido Solidariedade anunciou seu apoio à pré-candidatura do ex-presidente Lula. “O Bolsonaro destruiu o Brasil. Nós precisamos juntar forças pra gente fazer um novo Brasil. Por isso, Lula, a nossa confiança que você vai reconstruir o Brasil […]”, disse o presidente da legenda, Paulinho da Força. Desde 19 de abril que o apoio do partido vinha sendo costurado.

Fábio Dantas, ao lado de Rogério Marinho, em evento que lançou a sua pré-candidatura ao Governo

Ao atacar Bolsonaro, as estruturas do partido são abaladas no RN. O ex-vice-governador Fábio Dantas integra a agremiação e se colocou como pré-candidato ao Governo. Para isso, recebeu todo o apoio do ex-ministro Rogério Marinho, bolsonarista de escorrer água. Fábio cola no presidente da República, a ponto de ter de se explicar na mídia que sua candidatura não é bolsonarista, muito menos, que pretende defender tal governo de extrema-direita no Estado. Para ele, o propósito maior é “tirar a governadora Fátima Bezerra do Governo”.

Por outro lado, a governadora Fátima Bezerra prepara um arco de alianças que incomoda os petistas e simpatizantes mais radicais. Fechou acordo para que o ex-prefeito Carlos Eduardo Alves seja seu nome para o Senado e o deputado federal Walter Alves como vice. Tanto Alves apontam para a ressurreição de um clã, dividido, e que incomodava o Partido dos Trabalhadores por conta da sua tradição oligárquica. Hoje, não mais, aparentemente.

Carlos Eduardo é do PDT. O “senador de Fátima” não vai pedir votos para Lula, mas para Ciro Gomes. Walter Alves, por sua vez, é do MDB, que já avisou que “se o MDB declinar da decisão de ter uma candidatura própria ao Palácio do Planalto, a ala que defende o apoio à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) seria amplamente majoritária na convenção nacional do partido”. Ou seja, o partido tenderia a ser adversário do ex-presidente Lula, “padrinho” da candidatura de Walter.

Fica difícil para o eleitor entender, pelos olhos da lógica, qual o botton escolher colocar no peito