Entrevista

Moro na Difusora: “O que Bolsonaro prometeu era mentira”

Ex-juiz e ex-ministro acreditava que o presidente Bolsonaro iria delegar para ele e para o ministro da Economia, Paulo  Guedes, a gestão do Governo

Por William Robson

Uma das peças fundamentais para a ascensão de Bolsonaro ao poder concedeu entrevista à Rádio Difusora nesta segunda-feira (21). O ex-juiz Sérgio Moro (Podemos), que busca se viabilizar como pré-candidato a Presidência da República, conversou por quase uma hora com o advogado Paulo Linhares e com o radialista Wellington Morais. Trechos foram reproduzido na edição desta segunda, do Foro de Moscow; veja.

Entre os vários temas abordados, Moro falou do Governo Bolsonaro, o qual fez parte como ministro da Justiça. Responsável pela prisão do principal opositor do atual presidente, inviabilizando-o a concorrer às eleições de 2018, Moro abriu mão da carreira de magistrado para ocupar a cadeira ministerial no Governo que ajudou a construir.

Moro disse que aceitou o convite para a equipe de Bolsonaro porque acreditava “ter uma chance de dar certo”. “Hoje, temos uma visão e sabemos que o Governo dele deu errado”, disse. “Em 2018 era um período de esperança, tinha tudo para dar certo. Eles deu umas declarações controvertidas, mas a maioria das pessoas imaginava que ele iria abandonar este caráter exótico”.

Moro acreditava que o presidente Bolsonaro iria delegar para ele e para o ministro da Economia, Paulo  Guedes, a gestão do Governo, por se considerar ministro técnico. “Quando fui, tive a melhor das boas intenções. Nunca tinha me passado pela cabeça, em 2018, concorrer às eleições. Fui porque queria trabalhar  para construir um Brasil melhor”, ressaltou.

O ex-ministro contou que percebeu as mentiras de Bolsonaro para as pessoas ao chegar no ministério. As promessas não cumpridas seriam as reformas e o combate à corrupção. “Ele agiu para enfraquecer o combate à corrupção e inclusive permitir a volta do Lula, uma relação de causa e consequência. Quando me foi dada a escolha: você fica no Governo, mas cúmplice de coisa errada, que o presidente quer que proteja a família dele de investigação… Ele mesmo falou isso… Então, eu preferi sair”, afirmou, acrescentando que os “sonhos de esperança que os brasileiros tinham em 2018 foram mentiras”.

Moro aparece em quarto nas pesquisas sobre as eleições 2022. Na mais recente, da CNT/MDA, divulgada nesta segunda-feira (21), ele está com 6,4%, atrás de Ciro Gomes (PDT), com 6,7%. A disputa segue polarizada entre o ex-presidente Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL). Na projeção de votos estimulados, em que os nomes aparecem nas cédulas, Lula tem 42,2% contra 28% de Bolsonaro.