Jornalismo

Julian Assange merecia um Pulitzer

Assange revolucionou o jornalismo quando, ao criar o Wikileaks, ofereceu aos mais diversos veículos uma infinidade de documentos que expuseram estratégias geopolíticas atrozes dos Estados Unidos

Julian Assange em avião após libertação dele de prisão no Reino Unido Imagem: Reprodução

Por William Robson – Agora RN

Assim que o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, deixou a prisão no Reino Unido nesta segunda-feira 24, o presidente Lula se manifestou em defesa do jornalismo. “O mundo está um pouco melhor e menos injusto hoje. Julian Assange está livre depois de 1.901 dias preso. Sua libertação e retorno para casa, ainda que tardiamente, representam uma vitória democrática e da luta pela liberdade de imprensa”, escreveu em sua conta no X.

Assange não cometeu crime algum. Pelo contrário. Merecia um Pulitzer, o maior prêmio do jornalismo estadunidense, pela forma como revolucionou a atividade em nível global, desvelando as atrocidades, espionagens e tramas dos EUA sobre outros países até então escondidas. Exerceu com coragem o papel fundamental do jornalismo: o direito de informar.

Na época, o Wikileaks revelou que a NSA grampeou dez telefones ligados a Dilma, entre números fixos de escritórios e celulares como o de seu assistente pessoal, Anderson Dornelles. Na época, o governo americano garantiu que as práticas de espionagem haviam sido suspensas. Assange respondeu: “Até que ponto ele pode realmente garantir que a espionagem parou – não apenas sobre ela, mas em todas as questões brasileiras?”, questionou.

Lula falou em “vitória democrática” na libertação de Assange. A sua saída é também uma vitória do jornalismo, deste instrumento tão necessário para a sociedade. O Wikileaks abriu uma nova era no jornalismo de dados e na sua forma de apuração, mas também colocou luz na escuridão, em alusão ao slogan do The Washington Post, que também fez uso dos documentos do Wikileaks: “Democracy dies in darkness”.

Agora, Assange volta para a Austrália para cuidar de sua saúde. Sua contribuição para o jornalismo permanece inestimável. Obrigado pelo periodismo destemido.