Memória

Heverton Cândido: “Somos seres impossíveis de sermos definidos”

Se até o sorriso precisa descansar, quem somos nós para ditar os caminhos da vida? Sorriso este radiante, estonteante, contagiante… E ele tinha nome: Heverton Cândido. Texto de Luíza Gurgel

Por Luíza Gurgel, do Reticências Culturais

Se até o sorriso precisa descansar, quem somos nós para ditar os caminhos da vida? Sorriso este radiante, estonteante, contagiante… E ele tinha nome: Heverton Cândido, um grande bailarino, ator e produtor cultural, brasiliense atracado em solo mossoroense, que nesta quinta-feira (25), partiu, deixando muita saudade.

Dono de uma presença marcante, Heverton sempre esteve ligado à arte e à cultura de Mossoró. Iniciou sua trajetória no teatro, primeiramente ao lado do ator Augusto Pinto, e posteriormente, ingressou na Cia. Escarcéu de Teatro, liderada pelo ator e diretor Nonato Santos e pela atriz Lenilda Sousa. Essa parceria durou até aproximadamente o ano de 2009.

Heverton em cena do espetáculo Chuva de Bala no País de Mossoró 2018

Concomitantemente ao teatro, Heverton Cândido era um apaixonado pela dança. Junto a ela, o nosso artista participou do Grupo Diocecena, grupo de dança do Colégio Diocesano Santa Luzia, conduzido pela coreógrafa Roberta Schumara – grupo com o qual eu, Luiza, tive o privilégio de trocar ricas experiências ao lado dele. Paralelo a isso, também deixou um pouco de si e do seu talento em diversos espetáculos da cidade, como o Chuva de Bala no País de Mossoró, Oratório de Santa Luzia, Auto da Liberdade, entre mais peças de outras companhias mossoroenses.

Heverton passou cerca de 11 anos à frente de projetos na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Juventude, da Prefeitura de Mossoró. Foi professor de dança do programa PET; coordenou o projeto Arraia do Idoso, do Mossoró Cidade Junina; assim como o Núcleo de Cidadania dos Adolescentes (NUCA), uma parceria da Prefeitura Municipal com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).

O ator Heverton Cândido, que morreu nesta quinta-feira (25)

Heverton Cândido viveu os seus últimos anos se descobrindo como produtor e assessor cultural (e dos bons). Realizou trabalhos de sucesso ao lado de grandes nomes da música local, como a dupla Beth e Jamir e CoisaLuz, com os quais tinha um carinho enorme. O sorriso que tomava conta do seu rosto, inesquecível e bonito de se ver, confirma esse amor.

Um dos seus últimos trabalhos ligados à arte foi como intérprete de libras no espetáculo Auto da Liberdade 2019.

Heverton Cândido foi encontrado sem vida em sua casa no bairro Sumaré, aqui em Mossoró. A Polícia Militar foi acionada na madrugada desta quinta-feira (25). Ao chegar no local, se deu conta da situação e acionou a Delegacia de Plantão e o Instituto Técnico de Perícia (ITEP) para dar continuidade aos procedimentos.

Segundo a Polícia Civil, o nosso colega apresentava sinais de depressão. Além de que tinha perdido tanto a sua mãe quanto o seu pai há poucos meses.

Em um de seus perfis nas mídias sociais, ele mesmo se descreveu dessa forma: “Eu não sou o que os outros falam, pensam ou sussurram, eu sou eu mesmo. A cada segundo, mudamos, formamos conceitos e novas ideias. Portanto, somos seres impossíveis de sermos definidos por um segundo para a eternidade!”. É, meu querido amigo e de todes nós, você realmente era único. Não é um segundo que vai te definir para a eternidade, mas a eternidade que vai te deixar enraizado nos nossos corações.