“Fiz no intuito de pedir respeito, independente da classe ou orientação sexual”
A estudante de Odontologia Tayane Almeida estava com sua namorada, quando foi barrada no restaurante que não as considerou casal. Ela concedeu entrevista ao site WILLIAM ROBSON para explicar o episódio
Por William Robson
Diante da repercussão de caso de homofobia em um restaurante da cidade, a estudante de Odontologia, Tayane Almeida, concedeu entrevista ao site WILLIAM ROBSON para explicar a sua versão do episódio. Ela foi impedida de participar de rodízio promocional a casais no Buscapé Budd. A acadêmica estava com sua namorada no momento e uma funcionária do estabelecimento barrou a passagem das duas, alegando que “casais eram homem e mulher” e, que por esta razão, ambas não poderiam ser consideradas um casal.
O caso aconteceu na tarde da terça-feira (1). Teve ampla repercussão a partir do vídeo que Tayane gravou e postou nas redes sociais. O site, assim, entrou em contato com o estabelecimento, que emitiu uma nota minutos depois, publicada em suas redes sociais. “Acreditamos que se trata tão somente de um erro de comunicação e a nossa colaboradora que fica na recepção, respondeu ela dizendo que se tratava de uma promoção para casais e não para amigos”, diz o trecho da nota do restaurante.
Tayane, por sua vez, explicou o que aconteceu. “Estou triste, chateada, mas certa e de que precisava expor. Não pensaram no que eu posso estar sentindo neste momento”, afirmou, dizendo que se sentiu mal e ficou muito abalada emocionalmente após o ocorrido. “O estabelecimento tem culpa para que isso não venha a acontecer com outras pessoas, que tenha mais empatia, respeito, acima de tudo. Eles precisam de um treinamento. É nítida a falta de preparo”.
Sobre o episódio, Tayane contou que chegou ao restaurante para almoçar com a sua namorada, quando foi abordada pela recepcionista que distribuía as fichas. “Fui me identificando e dizendo que queria uma ficha para rodízio para casal”, adiantou. “Ela me olhou na mesma hora, mudando o semblante: ´Como assim?´. Eu disse: casal sim, porque eu estou com minha namorada… Ela rebateu: `Ora mais, casal é um homem e uma mulher´. E rebati, dizendo que o banner da promoção não informava sobre isso. Ela respondeu: ´É o óbvio, senhora´”.
Segundo a atendente, não havia qualquer responsável no local, mesmo com a insistência de Tayane em conversar com algum superior hierárquico no estabelecimento. Foi quando começou a gravar o vídeo que viralizou nas redes sociais. Uma outra pessoa tentou remediar a situação. “Não havia mais condições. Minha namorada já estava chorando e não queria mais ficar diante todo este constrangimento que passamos”, ressaltou. “Muitos presenciaram e testemunharam minha indignação”.
Logo após, segundo ela, apareceu outra pessoa, de nome Nícolas, se dizendo filho do dono do restaurante. Afirmou que a atendente não era funcionária e que estava apenas tirando a folga de outro funcionário. No entanto, esta justificativa contradiz o que a própria nota do Buscapé informa, ressaltando que a “colaboradora está no nosso grupo, há bastante tempo, é uma pessoa de coração enorme, e até o momento não tínhamos relato de humilhação ou constrangimento da sua parte com nenhum cliente nosso”.
A acadêmica informou que vai encaminhar o ocorrido a Justiça. “Tinha gente dizendo que eu queria aparecer. Nada disso. Sou uma pessoa que não gosto de me expor. Dificilmente publico algo. Minha conta, inclusive, é fechada. Eu só quero que a Justiça seja feita e que eles assumam o erro e reconheça. O me deixou mais triste é que os funcionários não me pediram desculpas. O dono do estabelecimento, Diego, tentou ligar para mim, mas realmente estava muito abalada para atender naquele momento”, concluiu, pedindo que o site evitasse a publicação de uma imagem sua. “Quando eu resolvi falar foi no intuito de pedir respeito. Merecemos ser bem tratados, independente da classe social e orientação sexual”.
O Buscapé emitiu uma nota sobre o ocorrido e que foi lançada nas redes sociais. Veja:
Nota de esclarecimento
Na tarde de hoje, tivemos um ocorrido envolvendo um acesso a nossa promoção de rodízio para casal. A qual está válida de 07/02 a 07/03. Aonde o cliente só precisa identificar que quer fazer parte da promoção no caixa, na hora de efetuar o pagamento e o regulamento é muito claro, aonde diz que casal pode ser: héteros homossexuais, homens, mulheres que se considerem um casal e nossa promoção não é sobre discutir ou não essa posição. Na verdade, quando a cliente chegou informou que estava acompanhada de uma amiga, acreditamos que se trata tão somente de um erro de comunicação e a nossa colaboradora que fica na recepção, respondeu ela dizendo que se tratava de uma promoção para casais e não para amigos. O que ocasionou o lamentável ocorrido. Jamais proibimos o acesso da cliente ao local. A colaboradora está no nosso grupo, há bastante tempo, é uma pessoa de coração enorme, e até o momento não tínhamos relato de humilhação ou constrangimento da sua parte com nenhum cliente nosso. Ressaltamos aqui o nosso inteiro respeito a todas as pessoas, e principalmente a cliente a qual se sentiu constrangida pela postura tomada naquele momento, a mesma será sempre bem vinda ao nosso restaurante.
Estamos tristes com o ocorrido, pois respeitamos TODAS as pessoas e somos felizes em atender e prestar serviço nessa cidade.
Prometemos instruir a equipe e fazer novas reuniões com eles, afim de deixar ainda mais claro o que já é óbvio sobre o respeito que prestamos a todos nossos clientes.
Passamos longe desse conceito homofóbico, pois tratamos todos de forma igual, desde já nos colocamos à disposição para qualquer esclarecimento e pedimos desculpas pelo o ocorrido.