Educadores físicos e outros grupos ficam sem vacina agora. Quem será prioridade?

Por William Robson

Uma das polêmicas que correu a terça-feira (3) em Mossoró foi a vacinação de profissionais que, a princípio, estão fora do grupo prioritário de vacinação contra a Covid-19 em Mossoró. O Ministério Público entrou em campo e recomendou que, entre outros, o profissional de educação física deve ficar de fora.

A polêmica estava em torno da atuação dos profissionais de Educação Física. Inseridos no campo da saúde, eram confundidos como elementos prioritários na vacinação. Até porque,  como se sabe, com raras exceções, não estão na linha de frente de combate. A Prefeitura de Mossoró emitiu nota explicando que a classificação geradora da controvérsia não foi criada pelo Município. “Este enquadramento não é definido pelo município de Mossoró”, disse o coordenador de imunizações do município, Etevaldo Lima.

De qualquer forma, diante do debate, buscou-se entender como seria a vacinação desta categoria. Etevaldo explicou que as doses, reduzidas até mesmo para atender aos educadores físicos, teriam como critério de aplicação somente para aqueles que comprovadamente trabalhassem em instituição que atende pessoas em trabalho de reabilitação, incluindo pacientes idosos, que têm nas atividades físicas monitoradas por estes profissionais uma chance de melhora da saúde e da qualidade de vida. Mesmo assim, foram descartados. “São orientações que entraram no debate e envolvem o Ministério Público exercendo o seu papel fiscalizador”, explicou.

Segundo release enviado pela Prefeitura de Mossoró, o Plano Municipal de Vacinação, que segue nesta quarta-feira (03),  indica que todos os profissionais da linha de frente já foram vacinados. “E com o reforço da remessa recebida na segunda quinzena de janeiro, por meio de 4.100 doses da vacina de Oxford e 352 doses da Coronavac, foi possível prosseguir o plano”, explica o texto.

Isso quer dizer que neste começo do mês, após a distribuição de 5.638 doses, algumas delas sobraram. No total, o município recebeu 8.433 doses.Este plano de vacinação foi apresentado para o Ministério Público do Rio Grande do Norte, durante uma reunião remota entre a secretária de Saúde Morgana Dantas, a diretora da Vigilância em Saúde Ivaneuma Fernandes, representantes da Procuradoria Geral do Município e os promotores públicos Guglielmo Marconi Soares, Rodrigo Pessoa e Kalina Correia Filgueira, além do chefe de imunizações de Mossoró, Etevaldo Lima.

O encontro definiu as prioridades com base em mais doses que chegarão. Além dos educadores físicos, outros grupos profissionais foram cancelados do cronograma desta quinta-feira (4) e sexta-feira (5). Sete grupos seriam atendidos ao todo: educadores físicos, recepcionistas, ASG, balconistas de farmácia, terapeutas ocupacionais, farmacêuticos e assistentes sociais. Todos ficarão para outra ocasião, visto que segundo o MP, há outras prioridades no momento.

Neste caso, o acordo estabeleceu que a vacinação dos idosos acima de 75 anos acamados precisa começar imediatamente. A Prefeitura propõs que será feita, esta semana, a recontagem das doses remanescentes para incluí-las no futuro lote de vacinas previsto para ser entregue ao município, possivelmente, na próxima semana, segundo estimativa da Secretária Estadual de Saúde Pública (SESAP/RN). A partir daí, com mais vacinas e com as doses remanescentes, Mossoró poderá iniciar a vacinação dos idosos, com prioridade para aqueles acamados a partir de 75 anos de idade.

“Infelizmente, os municípios do país receberam poucas doses para a campanha de vacinação e diante desta realidade, procuramos aqui em Mossoró fazer a aplicação das doses obedecendo todos os protocolos preconizados pelo Ministério da Saúde onde de forma oficial foi colocado para gente a prioridade de vacinarmos primeiro todos os profissionais de saúde”, disse Morgana Dantas.[

O encontro entre a Prefeitura e o Ministério Público calibrou a ordem de vacinação, interrompendo controvérsias e manifestação de categorias que gostariam de serem prontamente atendidos nesta primeira fase da vacinação. “Explicamos a situação no que se refere a quantidade de doses e que estamos cumprindo na integralidade o que nos orientou o Ministério da Saúde”, garantiu a secretária. Ao mesmo tempo, agiu para evitar polêmica maior adiando a imunização destas categorias profissionais para um segundo momento ainda imprevisto.